ANO C
3.º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO
Tema do 3.º Domingo do Tempo do Advento
Continuamos, nesta terceira etapa do “caminho do advento”, a preparar a vinda do Senhor. Chamado “domingo Gaudete”, este terceiro domingo do advento convida-nos à alegria. A vinda do Senhor aproxima-se; a nossa libertação está cada vez mais perto.
Na primeira leitura, o profeta Sofonias convida Jerusalém a alegrar-se porque Deus revogou a sentença de condenação que pendia sobre o seu Povo. O amor de Deus é bem mais forte do que a sua vontade de castigar. Deus irá estabelecer a sua morada no meio do seu Povo, curando-o com o seu amor e abrindo-lhe as portas de um futuro repleto de alegria, de esperança e de paz.
No Evangelho João Batista, o profeta do advento, continua a propor-nos caminhos de conversão. Exorta-nos a uma mudança radical, que nos torne mais humanos, mais solidários, mais bondosos, mais misericordiosos. Partilhar os nossos bens com os necessitados, não defraudar o próximo, não exercer violência, são as marcas da vida nova, de uma vida segundo o Espírito. É nesse sentido que caminham os que esperam o Senhor.
Na segunda leitura, Paulo pede aos cristãos de Filipos que se alegrem porque “o Senhor está próximo”. Conscientes dessa proximidade, os cristãos caminham pela vida serenos e confiantes, distribuindo gestos de bondade e de generosidade, numa escuta constante de Deus, dos seus desafios e propostas. É assim que se espera o Senhor.
LEITURA I – Sofonias 3,14-18a
Clama jubilosamente, filha de Sião;
solta brados de alegria, Israel.
Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém.
O Senhor revogou a sentença que te condenava,
afastou os teus inimigos.
O Senhor, Rei de Israel, está no meio de ti
e já não temerás nenhum mal.
Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém:
«Não temas, Sião,
não desfaleçam as tuas mãos.
O Senhor teu Deus está no meio de ti,
como poderoso salvador.
Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo,
renova-te com o seu amor,
exulta de alegria por tua causa,
como nos dias de festa».
CONTEXTO
Em 734 a.C. o rei Acaz (734-727 a.C.), confrontado com a ameaça militar de uma coligação formada pelo rei de Damasco e pelo rei de Israel, pediu ajuda a Tiglat-Pileser III, rei da Assíria (cf. 2Rs 16,7). Tiglat Pileser III derrotou o rei de Damasco, pondo fim à ameaça contra Judá; mas, na sequência, o rei Acaz tornou-se vassalo da Assíria. Judá passou a girar na órbita política da Assíria e teve de abrir as portas às influências culturais e religiosas dos assírios (cf. 2Rs 16,10-18). Diversos costumes estranhos e cultos pagãos irromperam então em Jerusalém e minaram a fidelidade do Povo de Judá a Javé. Essa situação manteve-se durante o longo reinado do ímpio Manassés (698-643 a.C.), em que o próprio rei reconstruiu os lugares de culto aos deuses estrangeiros, levantou altares a Baal, ofereceu o seu filho em holocausto, dedicou-se à adivinhação e à magia, colocou no Templo de Jerusalém a imagem da deusa Astarte (cf. 2Rs 21,3-9). Paralelamente, continuavam a multiplicar-se as injustiças sociais, as arbitrariedades, as violências contra os mais pobres e débeis. Tudo isto configurava uma grave violação da Aliança que o povo tinha com Deus. Quando em 639 a.C. o rei Josias (639-609 a.C.) subiu ao trono, Judá estava a precisar urgentemente de uma profunda reforma política, social e religiosa. Josias, o novo rei, lançou-se a essa tarefa.
Sofonias começou o seu ministério profético por essa altura. É possível que, numa primeira fase da reforma empreendida por Josias, Sofonias tivesse sido o verdadeiro motor dessa reforma. Não sabemos quanto tempo durou o ministério de Sofonias. A maior parte dos biblistas prolongam-no até 625 a.C., aproximadamente.
Sofonias, no desempenho da sua missão profética, denunciou o imenso pecado de Judá. Atacou a idolatria cultual, as injustiças, o materialismo, a despreocupação religiosa, os abusos da autoridade. Disse claramente que esta situação não poderia continuar e que, se nada fosse mudado, chegaria o dia do castigo ou do Juízo de Deus (cf. Sf 1,2-2,3). Apesar de tudo, o grande objetivo da pregação de Sofonias não era anunciar o castigo de Judá; mas era levar o Povo a converter-se a Deus.
Sofonias considerava que o Povo de Deus não podia pretender ter um compromisso com Javé e, ao mesmo tempo, comportar-se como se esse compromisso não contasse para nada; achava que o Povo de Judá não podia invocar a Aliança e, simultaneamente, prestar culto a deuses estrangeiros, desrespeitar os direitos dos pobres, cultivar a exploração, a injustiça, as arbitrariedades. O que Sofonias pedia é que Judá se convertesse, que o Povo deixasse o caminho de infidelidade que estava a seguir e regressasse ao encontro de Deus.
O texto de Sofonias que a liturgia deste terceiro domingo do advento nos propõe como primeira leitura integra um lote de “promessas de salvação” (Sf 3,9-20) que aparece na parte final do livro. Antes, Sofonias tinha predito a chegada do “dia do Senhor”, o dia da intervenção justiceira de Deus, o dia em que Deus castigaria Judá pelas suas infidelidades (cf. Sf 1,14-18); tinha também avisado Jerusalém, a “cidade rebelde, manchada e opressora” (cf. Sf 3,1-8) que o fogo do zelo de Deus iria consumi-la… Mas, de repente, o discurso do profeta muda de tom; a ameaça do castigo transforma-se em anúncio de salvação; a aflição e o pranto dão lugar à alegria e à festa (cf. Sf 3,14-18). O que é que está na origem desta mudança?
MENSAGEM
Em nome de Deus, Sofonias dirige a Jerusalém e aos seus habitantes uma consoladora palavra de esperança: a tristeza que os paralisa deve ser mudada em alegria, os lamentos que se ouvem em todos os cantos da cidade devem dar lugar a gritos de júbilo. Há uma notícia de última hora, uma notícia feliz que muda o destino do Povo de Deus: Javé decidiu revogar a sentença de condenação que tinha emitido contra o seu Povo.
Judá tinha pecado e tinha traído o seu Deus; tinha subvertido a Aliança e tinha escolhido caminhos de pecado. Deus estava cansado da reiterada infidelidade do seu Povo e tinha decidido pôr um fim a essa relação desigual. Mas, de repente, o amor de Deus falou mais alto do que a sua cólera. Deus tinha razões para castigar o seu Povo; mas o seu amor venceu todas essas razões. O amor, se é verdadeiro, triunfa sempre. O “dia do Senhor” deixou de ser o dia em que Deus castiga Israel pelas suas faltas, para passar a ser o dia em que o amor de Deus triunfou sobre a sua zanga. Por isso, Deus vai afastar de Jerusalém os inimigos através dos quais iria consumar o castigo de Judá. O amor fez de uma história de condenação uma história de salvação.
Mas há mais: Deus, vencido pelo amor, veio ter com o seu Povo e decidiu residir outra vez no meio dele. Como qualquer apaixonado, Deus não quer estar longe da sua amada. Deus é agora o rei que governa Judá. Judá já não precisa de recear os assírios ou quaisquer outros inimigos, pois Deus lá está para o defender, como poderoso salvador. Deus veio para ficar; Judá, protegido pelo amor de Deus, reencontrou a paz, a segurança, a felicidade, a alegria.
Esta profecia recebe uma nova luz neste tempo de advento, quando nos prepararmos para celebrar a chegada de Jesus, o Deus que veio habitar com o seu Povo e trazer-nos a plenitude da salvação e da alegria.
INTERPELAÇÕES
- A Bíblia mostra, em cada uma das suas linhas, que a história dos homens se vai construindo ao ritmo do amor de Deus. A essência de Deus é amor; e esse amor, inquebrantável e sem medida, ilumina cada passo do caminho que os homens percorrem. O profeta Sofonias, dirigindo-se a um povo instalado na infidelidade, que escolheu caminhos de autossuficiência, de materialismo e de pecado, garante que o amor de Deus se sobrepõe à sua ira e que será fonte de conversão, de mudança, de vida nova. O amor infinito que Deus sente pelos seus filhos “obriga-O” a perdoar o pecado do povo (a “revogar a sentença de condenação”); mas, mais do que isso, faz com que o povo infiel sinta vontade de renascer e de percorrer caminhos novos. Desde a bela mensagem de Sofonias, passaram-se vinte e seis séculos; mas a essência de Deus não mudou. O amor infinito de Deus continua, em pleno séc. XXI, a derramar-se sobre os seus filhos e filhas. Eles vão deixando, em cada curva do caminho que fazem, as marcas da sua infidelidade e da sua debilidade; mas isso não impede que Deus continue a sustentá-los e a abraçá-los com o seu amor. A história que Deus vai construindo connosco não é uma história de condenação, mas uma história de salvação. A consciência de que Deus nos ama com um amor sem limites ilumina o horizonte da nossa vida? Acreditamos que o seu amor de pai e de mãe é muito mais forte do que a sua vontade de castigar? Estamos disponíveis para nos deixarmos abraçar e transformar pelo amor de Deus?
- Muitos acreditam que o medo é a única forma de levar os seres humanos a mudarem os seus comportamentos errados. Por isso, recorrem a ameaças, anunciam castigos, praticam – talvez com boas intenções – um “terrorismo espiritual” que provoca angústia, depressão e abre caminho a uma visão pessimista e negativa de Deus, da vida e do mundo. Talvez consigam, através do medo, mudar alguns comportamentos; mas o preço de tudo isso é muito alto: cria escravidão, sofrimento, consciência de culpa, traumas infindáveis. O que renova o mundo e o transforma não é o medo, mas o amor. O amor é que faz crescer, é que cria dinamismos de superação, é que nos torna mais humanos e mais livres, é que nos faz confiar, é que potencia o encontro e a comunhão… Devemos ter isto bem presente quando formos chamados a dar testemunho do Evangelho e a proclamar a proposta de salvação que o nosso Deus faz aos homens. No nosso testemunho de Deus, somos profetas do medo que escraviza, ou do amor que liberta? Anunciamos um deus justiceiro e intransigente, ou um Deus que ama incondicionalmente os seus queridos filhos?
- Sofonias anuncia a Jerusalém a presença de Deus no meio do seu Povo. É uma “boa nova” de salvação, que varre o medo, renova o ânimo, infunde coragem, abre a porta à esperança. Preparamo-nos para celebrar, dentro de poucos dias, a “visita” de Deus ao nosso mundo e à nossa história. Jesus é o Deus que veio habitar no meio de nós para nos mostrar, olhos nos olhos, os caminhos que Deus nos chama a percorrer para alcançarmos vida em abundância. Caminhamos pela vida conscientes de que Deus está no meio de nós? É esse o testemunho que damos aos outros irmãos e irmãs que vão ao nosso lado?
- “Clama jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, Israel. Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém” – pede Sofonias ao Povo de Deus. A constatação de que Deus nos ama e que reside no meio de nós com uma proposta de salvação e de felicidade para todos os que O acolhem, não pode provocar senão uma imensa alegria no coração dos crentes. Damos sempre testemunho dessa alegria? Será que as nossas comunidades são espaços onde se nota a alegria pelo amor e pela presença de Deus?
SALMO RESPONSORIAL – Isaías 12,2-3.4bcd.5-6
Refrão 1: Exultai de alegria,
porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.
Refrão 2: Povo do Senhor, exulta e canta de alegria.
Deus é o meu Salvador,
tenho confiança e nada temo.
O Senhor é a minha força e o meu louvor.
Ele é a minha salvação.
Tirareis água com alegria das fontes da salvação.
Agradecei ao Senhor, invocai o seu nome;
anunciai aos povos a grandeza das suas obras,
proclamai a todos que o seu nome é santo.
Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas,
anunciai-as em toda a terra.
Entoai cânticos de alegria, habitantes de Sião,
porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.
LEITURA II – Filipenses 4,4-7
Irmãos:
Alegrai-vos sempre no Senhor.
Novamente vos digo: alegrai-vos.
Seja de todos conhecida a vossa bondade.
O Senhor está próximo.
Não vos inquieteis com coisa alguma;
mas em todas as circunstâncias,
apresentai os vossos pedidos diante de Deus,
com orações, súplicas e ações de graças.
E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência,
guardará os vossos corações e os vossos pensamentos
em Cristo Jesus.
CONTEXTO
Filipos, situada na Macedónia oriental, fundada por Alexandre II da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande, pelo ano 358 a.C., estava ao lado da “Via Egnatia” a estrada que ligava a Europa com a Ásia. O imperador Augusto fez dela uma colónia romana. No tempo de Paulo, a maior parte dos seus habitantes eram antigos veteranos do exército romano. A cidade era regida pelo direito romano e governada por dois chefes militares, ao estilo dos cônsules de Roma. Havia também na cidade uma colónia judaica, que costumava reunir-se para rezar num lugar fora da cidade, na margem de um rio. Da pregação de Paulo nasceu a comunidade cristã de Filipos (cf. At 16,11-40). Quando Paulo foi obrigado a deixar a cidade, deixou atrás de si uma comunidade viva e fervorosa, verdadeiramente empenhada em dar testemunho de Jesus e em viver a sua fé. Paulo manteve sempre com os cristãos de Filipos laços afetivos muito fortes. Essa ligação levou-o, inclusive, a aceitar, numa altura que estava na prisão (em Cesareia? Em Éfeso? Em Roma?), a ajuda económica dos filipenses, que lhe enviaram uma determinada quantia em dinheiro para que Paulo pudesse prover às suas necessidades.
Foi um tal Epafrodito, membro da comunidade cristã de Filipos, que levou ao apóstolo a ajuda financeira de que ele necessitava. Entretanto, Epafrodito adoeceu, o que causou algumas preocupações aos cristãos de Filipos. Logo que Epafrodito se restabeleceu, Paulo enviou-o de novo para Filipos e fê-lo portador de uma carta de agradecimento aos seus queridos amigos de Filipos.
Depois de agradecer a Deus pela sensibilidade dos Filipenses ao anúncio do Evangelho (cf. Flp 1,11), de informar a comunidade sobre a sua situação pessoal (cf. Flp 1,12-26), de dirigir exortações várias à comunidade (cf. Flp 1,27-2,18), de dar notícias sobre Timóteo e Epafrodito (cf. Flp 2,19-30) e de denunciar as acusações que lhe fazem os seus adversários (cf. Flp 3,1-21), Paulo – consciente de que ainda nem tudo é perfeito nesta comunidade exemplar – apresenta um conjunto de recomendações diversas de carácter prático. O texto que a liturgia deste terceiro domingo do advento nos propõe como segunda leitura contém algumas dessas recomendações.
MENSAGEM
Nas recomendações que Paulo deixa aos cristãos de Filipos na parte final da carta, sobressai o convite à alegria, repetido com insistência: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos” (vers. 4). O vocábulo aqui usado por Paulo (o verbo “khairô”) leva-nos à “alegria” (“khara”) que “ilumina” a noite do nascimento de Jesus, quando os anjos comunicaram aos pastores de Belém essa “boa notícia” (cf. Lc 2,10-11). É, portanto, uma alegria que resulta da presença salvadora do Senhor Jesus no meio dos homens. Conscientes dessa presença, os membros da comunidade cristã devem viver na alegria e irradiar uma alegria que transforma a noite do mundo numa aurora de esperança.
Paulo deixa, ainda, outras recomendações aos filipenses: que deem testemunho da bondade que aprenderam com Jesus (vers. 5); que confiem no amor de Deus e que não vivam sobressaltados e inquietos (vers. 6a), distraídos pelas coisas do mundo e pelos valores efémeros (cf. Mt 6,25: “não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestido?”); que cultivem a intimidade e o diálogo com Deus, apresentando-lhe continuamente as dificuldades que encontram no caminho e agradecendo-lhe constantemente os seus dons e o seu amor (vers. 6b).
Por cima dessa existência serena e comprometida deve pairar sempre a certeza de que o Senhor vem (“o Senhor está próximo” – vers. 5). O cristão vive na esperança e da esperança. Quando se vive tendo no horizonte a certeza da próxima vinda do Senhor, caminha-se confiante, alegre e com o coração cheio de paz. É assim a existência cristã.
INTERPELAÇÕES
- A alegria é a marca por excelência da existência cristã. Referimo-nos a essa alegria serena que não resulta de acontecimentos efémeros, de factos corriqueiros ou de razões puramente materiais; mas resulta da certeza de que “o Senhor está próximo”. Os cristãos caminham pela vida de olhos postos nesse horizonte. A vida deles não é um peso que arrastam numa fadiga sem fim, nem um calvário de medos e de desesperos; mas é um caminhar tranquilo, decidido e confiante ao encontro de uma salvação que não tardará a chegar. Por isso, o tempo do advento – este tempo de espera do Senhor que vem – é um tempo onde a alegria está especialmente presente. Ao longo do “caminho do advento” que estamos a fazer temos dado aos nossos irmãos testemunho dessa alegria que nos aquece o coração?
- A certeza de que “o Senhor está próximo” alarga os nossos horizontes, reconcilia-nos com a vida, serena o nosso coração, torna-nos mais conscientes da bondade e do amor de Deus, dispõe-nos a ser bondosos, compreensivos, pacientes, afáveis, generosos para com os irmãos e irmãs que partilham connosco a aventura da vida. Será possível esperar o Senhor com um coração fechado, intolerante, prepotente, presunçoso, onde não há lugar para mais ninguém além de nós próprios? Enquanto esperamos a chegada do Senhor, como é que vemos, tratamos e acolhemos aqueles que caminham ao nosso lado?
- Não é possível acolhermos alguém com quem não comunicamos e de quem nos sentimos distantes. A espera do Senhor faz-se, portanto, num diálogo contínuo com Ele. Ao longo deste “caminho de advento”, temos arranjado tempo e disponibilidade para falar com Deus, para escutar a sua Palavra, para acolher as suas indicações, para lhe apresentar as nossas dúvidas, inquietações, sonhos e esperanças?
ALELUIA – Isaías 61,1
Aleluia. Aleluia.
O Espírito do Senhor está sobre mim:
enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres.
EVANGELHO – Lucas 3,10-18
Naquele tempo,
as multidões perguntavam a João Baptista:
«Que devemos fazer?»
Ele respondia-lhes:
«Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma;
e quem tiver mantimentos faça o mesmo».
Vieram também alguns publicanos para serem batizados
e disseram:
«Mestre, que devemos fazer?»
João respondeu-lhes:
«Não exijais nada além do que vos foi prescrito».
Perguntavam-lhe também os soldados:
«E nós, que devemos fazer?»
Ele respondeu-lhes:
«Não pratiqueis violência com ninguém
nem denuncieis injustamente;
e contentai-vos com o vosso soldo».
Como o povo estava na expectativa
e todos pensavam em seus corações
se João não seria o Messias,
ele tomou a palavra e disse a todos:
«Eu batizo-vos com água,
mas está a chegar quem é mais forte do que eu,
e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias.
Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo.
Tem na mão a pá para limpar a sua eira
e recolherá o trigo no seu celeiro;
a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga».
Assim, com estas e muitas outras exortações,
João anunciava ao povo a Boa Nova».
CONTEXTO
O Evangelho deste domingo leva-nos até ao vale do rio Jordão, ao encontro de um profeta chamado João, a quem as gentes da Judeia chamavam “o batista”. O seu pai era o sacerdote Zacarias (cf. Lc 1,5-25. 57-80). Mas, embora de família sacerdotal, não há notícia de que João tenha exercido funções sacerdotais no quadro da religião tradicional.
Por volta do ano 27 ou 28, João aparece nas franjas do deserto de Judá, perto de Jericó, na região da Pereia (território administrado por Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande), na margem oriental do rio Jordão. Aí, num lugar que poderá identificar-se com o moderno Qasr El Yahud, João pregava “um batismo de conversão para remissão dos pecados” (Lc 3,3).
A pregação de João causou um forte impacto nas gentes da Judeia e da Galileia; e muitos vinham até à margem do rio Jordão escutá-lo. João denunciava – na linguagem rude de um homem do campo – o pecado e a rebeldia de Israel; e anunciava a iminente intervenção de Deus no mundo para acabar com o mal (“raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para chegar? O machado já se encontra à raiz das árvores; por isso, toda a árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo” – Lc 3,7-9). A forma de evitar a “ira de Deus” era, segundo João, converter-se radicalmente, cortar com o pecado e voltar para Deus. Aos que se dispunham a essa mudança, João propunha um gesto purificador e renovador: uma imersão nas águas do rio Jordão. Era por isso que lhe chamavam “o batista”.
O judaísmo antigo conhecia diversos rituais de purificação pela água. A seita judaica dos essénios, instalada em Kûmran (uma aldeia situada muito perto do lugar onde João batizava) praticava diariamente banhos rituais de purificação em piscinas construídas para o efeito. Mas o gesto que João propunha era diferente. Quem aceitava a sua proposta de conversão, era imerso por João nas águas vivas do rio Jordão, confessava os seus pecados, recebia o perdão de Deus e saía da água purificado. Este ritual só se fazia uma vez. A pessoa que tinha sido “batizada” por João passava a pertencer à comunidade da nova Aliança. Voltava para sua casa decidida a viver de uma forma nova, sentindo-se membro de um novo Israel, preparada para acolher a chegada iminente de Deus.
MENSAGEM
A mudança de vida que João propunha a todos os que o procuravam na margem do rio Jordão, devia traduzir-se numa efetiva mudança de atitudes. Não bastam declarações de boas intenções; a conversão tem de manifestar-se em gestos. Por isso, João dizia-lhes: “Produzi frutos de sincera conversão” (Lc 3,8).
No entanto, as pessoas queriam orientações mais concretas. Lucas conta que elas perguntavam: “que devemos fazer?” (vers. 10.12.14). Trata-se de uma pergunta que Lucas tem por hábito colocar na boca das pessoas em diversas situações (cf. At 2,37; 16,30; 22,10). Traduz a disponibilidade para refazer a própria vida e para acolher a proposta de salvação que vem de Deus. Na sua resposta, João não pede gestos piedosos ou práticas religiosas especiais; mas propõe coisas muito concretas, que apontam no sentido de uma vida mais humana, mais justa e mais fraterna.
Ao povo, em geral, João fala de “repartir” (“quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo” – vers. 10). O verbo “repartir” é um verbo intenso, que nos desaloja de uma vida construída à volta do “ter” e nos obriga a olhar para os irmãos que estão ao nosso lado. Não significa dar o supérfluo ou as sobras, mas sim partilhar com o próximo, sem cálculos nem hesitações, o pouco ou o muito que se tem. Faz-nos tomar consciência de que os bens – inclusive aqueles que respondem às necessidades primárias do homem, como a roupa e os alimentos – são dons de Deus postos à nossa disposição, mas que se destinam a todos. Mesmo que os bens que temos nas mãos tenham sido legitimamente adquiridos, eles pertencem a todos os filhos e filhas de Deus. “Repartir” significa a passagem da economia da posse para a economia do dom.
Aos publicanos, João propõe que não se aproveitem da sua situação para explorar os seus irmãos (“não exijais nada além do que vos foi prescrito” – vers. 12). Encarregados de recolher os impostos, os publicanos tendiam a extorquir às pessoas quantias superiores àquilo que estava estipulado; e a diferença redundava em seu benefício. Ora, a cupidez que leva à exploração e ao roubo não é compatível com uma vida segundo Deus. O enriquecimento por meios ilícitos e imorais, a exploração dos pobres, as falcatruas económicas que prejudicam a comunidade, são crimes que destroem o tecido social e que Deus não pode ignorar.
Aos soldados, João pede que não usem de violência e que não abusem da sua força para cometer injustiças (“não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo” – vers. 14). Em virtude do seu “ofício” e do poder que as armas lhes conferiam, os soldados profissionais tendiam a usar a força de forma indiscriminada. Com facilidade maltratavam as pessoas, obrigavam-nas a fazer trabalhos não remunerados, extorquiam dinheiro e outros bens aos camponeses. Ora, a violência, o abuso do poder, a prepotência, desumanizam o mundo, subvertem gravemente o projeto de Deus para o mundo e para os homens e trazem aos mais frágeis um sofrimento intolerável.
Notemos que os “frutos de conversão” que João pede se referem a comportamentos e atitudes para com o próximo. A melhor maneira de prepararmos o caminho para o Senhor que vem é, simplesmente, cuidarmos das nossas atitudes para com os irmãos; a melhor forma de prepararmos o mundo para a chegada de Deus é construirmos uma sociedade mais justa, mais solidária, mais fraterna.
O que aconteceria depois de João ter cumprido a sua missão? Como iria processar-se a intervenção de Deus na história? Apareceria “o Messias” (“Mashiah”, “o ungido”) de Deus, para concretizar definitivamente a restauração de Israel? Esse “Messias” que o Povo esperava ansiosamente para libertar Israel estaria, de alguma forma, ligado à figura de João? As pessoas que escutavam a pregação escatológica de João interrogavam-se naturalmente sobre tudo isto. É destas questões que trata a segunda parte do Evangelho deste domingo (vers. 15-18).
João Batista acreditava que, quando ele próprio saísse de cena, iria chegar uma outra figura, enviada por Deus, para concretizar a intervenção final de Deus na história. João não lhe chamava “Messias”, talvez para não acirrar a expetativa messiânica em que o Povo vivia… Referia-se-lhe, simplesmente, como “o mais forte do que eu”; e dizia de si próprio que não era digno de lhe “desatar as correias das sandálias” (vers. 16). “Desatar a correia das sandálias” era uma tarefa própria de escravos. A expressão traduz a consideração de João por aquele que há de vir e que é “o mais forte”, aquele que Deus iria encarregar de uma tarefa superlativa na história da salvação. Ele seria o mediador definitivo, encarregado de concluir o processo que João apenas tinha começado.
É difícil discernir, a partir deste texto, como é que João imaginava as coisas. Provavelmente João pensava que “o mais forte”, enviado por Deus, iria trazer um batismo purificador, que teria um duplo efeito: queimaria a palha – isto é, tudo aquilo que é mau, que não serve para nada – “num fogo que não se apaga” e derramaria sobre os homens o Espírito da verdade (vers. 17). O batismo “com o Espírito Santo e com o fogo” inundaria o Israel renovado com a força transformadora de Deus; e o Povo, vivificado pelo Espírito de Deus, conheceria uma existência nova, uma era definitiva de justiça, de paz e de vida plena. Para Lucas, este anúncio do profeta João concretizar-se-á plenamente no dia de Pentecostes (cf. At 2,1-41).
INTERPELAÇÕES
- No centro da mensagem de João Batista está o apelo à conversão, à mudança radical de vida. Como é que respondemos a esse apelo? Como o concretizamos? Trata-se de sentirmos um arrependimento vago pelo nosso egoísmo e pelas nossas opções erradas? Trata-se de pedirmos perdão a Deus pelas nossas faltas e de acalmarmos a nossa consciência com algumas orações ou práticas de piedade que “compensem” Deus pelo mal que fizemos? João Batista pede muito mais do que isso… Pede uma efetiva mudança de vida que produza “frutos de sincera conversão”. A nossa mudança tem de traduzir-se em “frutos bons”, em gestos diferentes, numa nova forma de viver e de atuar, em comportamentos mais humanos, mais altruístas, mais solidários, mais bondosos, mais misericordiosos. Neste tempo de advento, preparando-nos para acolher o Senhor que vem, estamos dispostos a uma mudança de vida que se traduza numa nova forma de encarar o mundo, de olhar para as pessoas com quem nos cruzamos, de acolher cada irmão e cada irmã que Deus coloca no nosso caminho?
- Os meios de comunicação social fornecem-nos a cada momento informações sobre a forma como o nosso mundo se vai construindo. Conhecemos bem as violências, as injustiças, as maldades, as misérias, os abusos que, por todo o lado, deixam um rasto de desumanidade, de sofrimento e de morte. Estas informações inquietam-nos e desenvolvem em nós um certo sentimento de solidariedade para com os nossos irmãos que são vítimas das injustiças e das arbitrariedades que chegam ao nosso conhecimento. Sentimo-nos vagamente culpados; mas, ao mesmo tempo, sentimo-nos impotentes, incapazes de mudar o rumo da história e de pôr cobro a todo esse imenso cortejo de sofrimento que desfeia o mundo. Espontaneamente brota uma pergunta: “Que podemos fazer?” Já encontramos resposta para esta questão? Como poderemos contribuir para uma nova ordem, para um mundo mais justo, mais humano, mais fraterno?
- “Que devemos fazer?” – perguntam as pessoas a João Batista. O profeta dá-lhes uma resposta direta, simples, clara, prática e contundente: “Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo”. Esta resposta elimina as nossas escapatórias, põe a nu as nossas desculpas esfarrapadas, ridiculariza as nossas justificações fáceis. Mais de um terço da humanidade passa fome porque alguns açambarcam os bens que pertencem a todos; biliões de irmãos nossos vivem abaixo do limiar da dignidade humana porque alguns construíram uma fortaleza à volta da sua “sociedade de bem-estar” e açambarcam os bens que Deus pôs à disposição de todos os seus filhos e filhas. Queremos continuar a construir o nosso bem-estar indiferentes à sorte dos que não têm o mínimo necessário para sobreviver? Estamos dispostos a viver de uma forma mais frugal, para podermos partilhar com os irmãos necessitados aquilo que lhes faz falta? Estamos dispostos a pagar mais impostos para que seja possível implementar políticas mais eficazes de apoio aos mais carenciados?
- “Que devemos fazer?” – perguntam os publicanos a João Batista. “Não exijais nada além do que vos foi prescrito” – responde-lhes o profeta. Sabemos que muitos, no nosso mundo, conduzidos pela ambição desmedida e pela falta de escrúpulos, continuam a apostar no enriquecimento rápido, na acumulação de riqueza à margem de todas as regras e de toda a moral. Que diria hoje João àqueles que especulam com bens de primeira necessidade, aproveitando as carências dos seus irmãos para acumular mais e mais? Que diria hoje João àqueles que cobram taxas excessivas pelos serviços prestados? Que diria hoje João àqueles que fogem aos impostos, prejudicando a comunidade e defraudando o bem comum? Que diria hoje João àqueles que branqueiam dinheiro sujo, muitas vezes ao serviço de interesses criminosos e imorais? Que diria João àqueles que se deixam envolver em esquemas de corrupção e de mentira? Será possível prejudicar conscientemente um irmão ou a comunidade inteira e acolher, com o coração tranquilo, “o Senhor que vem”?
- “E nós, que devemos fazer? – perguntam os soldados a João Batista. “Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo” – responde-lhes João. Ora, em pleno séc. XXI a violência continua a manchar de sofrimento e de sangue a nossa história. Que diria hoje João àqueles que escolhem a violência e a guerra como forma de resolver os diferendos entre as nações? Que diria João àqueles que matam indiscriminadamente, muitas vezes em nome de Deus ou de ideais pretensamente elevados? Que diria João àqueles que usam a violência para satisfazer a sua ambição ou os seus interesses pessoais? Que diria João àqueles que, dentro dos muros das suas casas, têm atitudes de prepotência, de despotismo, de tirania sobre aqueles que fazem parte da sua família? Que diria João àqueles que exploram os seus trabalhadores, lhes recusam um salário justo, ou escravizam imigrantes estrangeiros? Que diria João àqueles que, nos tribunais, nas repartições públicas, nas receções das nossas igrejas, tratam os outros com sobranceria ou arrogância? Sentimos que o apelo de João nos diz respeito, de alguma maneira?
- Jesus veio batizar no Espírito Santo e no fogo. Ora, nós recebemos esse batismo. No momento da nossa adesão a Jesus renunciamos ao pecado e acolhemos o Espírito vivificador, esse Espírito que animava Jesus e que o impulsionava para dar testemunho do Reino. Temos vivido de forma coerente com o batismo que recebemos? Deixamo-nos conduzir pelo Espírito e produzimos frutos bons, frutos do Espírito? Somos testemunhas e arautos de um mundo mais fraterno, mais humano, mais pacífico?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 3.º DOMINGO DO ADVENTO
(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 3.º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. GESTO PARA O INÍCIO DA CELEBRAÇÃO.
Convidar a assembleia à alegria… Sem ler o texto, mas fazendo-lhe referência, o presidente poderá alimentar a sua palavra de abertura com o apelo que Paulo lança aos Filipenses na segunda leitura: “Irmãos: alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. O Senhor está próximo”.
3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
“A nossa felicidade está em Ti, Senhor nosso Deus. Nós Te dirigimos as nossas orações e os nossos gritos de alegria, porque vieste habitar no meio de nós por Jesus teu Filho, o Ressuscitado.
Nós Te pedimos por todos os homens nossos irmãos que a obscuridade do mal e do ódio mergulhou na tristeza: que a salvação venha até eles”.
No final da segunda leitura:
“Pai, nós Te damos graças pela alegria que nos dás e que vem de Jesus, porque está completamente próximo de nós, como Luz nas trevas e Paz nas inquietudes da existência.
Nós Te pedimos: que a paz do teu Espírito guarde os nossos corações e as nossas inteligências em Cristo Jesus”.
No final do Evangelho:
“Deus fiel, bendito és Tu pela Boa Nova anunciada por João Baptista e pelo caminho de conversão que ele abria aos teus fiéis. Bendito és Tu pelo batismo no Espírito Santo que Jesus nos deu.
Doravante, é a Jesus que nós pedimos: «Que devemos fazer?» Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos faça conhecer a tua vontade”.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
Deus não pede a mesma coisa aos cobradores de impostos e aos soldados, mas pede a todos para fazerem algo que manifeste mais justiça, mais generosidade, mais paz… É no momento em que os homens se deixam batizar na água do Jordão que perguntam o que devem fazer. Se vêm encontrar João Baptista, é porque procuram converter-se, procuram tornar-se homens novos. Aceitam viver outra coisa a fim de se tornarem outros. Mas vem o dia, anuncia o Percursor, em que a conversão não é apenas obra do homem, mas ação comum de Deus e dos homens: vem Aquele que batizará no Espírito Santo e no fogo para fazer surgir um mundo novo e varrer o velho mundo. A Boa Nova que João Baptista anuncia ao povo é precisamente a intervenção de Deus em pessoa pela vinda do Messias que vai comprometer a humanidade nesta renovação radical, fruto da Aliança Nova selada entre Deus e a humanidade, Aliança com os dois parceiros da salvação: Deus e o homem.
5. À ESCUTA DA PALAVRA.
“Que devemos fazer?” Esta questão é posta três vezes a João Baptista, pelas multidões, pelos publicanos, pelos soldados. João não parece ser muito exigente nas respostas. Nada de extraordinário. Não pede para saírem do real das suas vidas. Por exemplo, exorta as multidões à partilha com os mais pobres. Hoje, dir-nos-ia para transformarmos a festa comercial de Natal numa ocasião de partilha mais generosa. A atenção ao quotidiano sugerir-nos-á como partilhar! Não são necessárias coisas extraordinárias. Basta deixar iluminar pela Boa Nova de Jesus a nossa vida de todos os dias…
6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Neste domingo que convida à alegria, pode-se escolher a Oração Eucarística II da Missa com Crianças: “Sim, bendito seja o teu enviado, o amigo dos pobres e dos pequenos… Ele veio arrancar do coração do homem o mal que impede a amizade, o ódio que impede de ser feliz…”
7. PALAVRAS PARA O CAMINHO…
- No dia 8 de dezembro, a Igreja festejou a Imaculada Conceição da Virgem Maria. O que Paulo recomenda na segunda leitura, Maria viveu-o desde a primeira hora. Viveu sempre na alegria do Senhor: “A minha alma glorifica o Senhor, o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador”. A sua serenidade era conhecida por todos, não andava inquieta com nada: “Fazei o que Ele vos disser”. E a paz de Deus guardou o seu coração e a sua inteligência no seu Filho Jesus: “A sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração”. Ao longo da próxima semana, na espera do 4º domingo do Advento e da narração da visita de Maria a Isabel, conservemos no nosso coração a alegria e a paz recebidas nesta Eucaristia e, por intercessão de Maria, “em qualquer circunstância”, rezemos para fazer chegar a Deus os nossos pedidos.
- Uma partilha concreta. Embora menos habitual que durante a Quaresma, pode ser proposto um “gesto de partilha” para esta semana, na linha das palavras de João Baptista. Na paróquia, ou pessoalmente, prever a natureza desta partilha (dinheiro, tempo, acolhimento no momento das festas) e os seus beneficiários.
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org