04º Domingo do Tempo do Advento – Ano C [atualizado]

ANO C

4.º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO

Tema do 4.º Domingo do Tempo do Advento

 

Nesta última etapa do “caminho do advento”, a liturgia desvela um pouco mais a identidade do menino que vem de Deus e que os homens esperam ansiosamente. Ele entra no mundo pela porta da humildade e da simplicidade; mas é “o Senhor” da história, o rei-Pastor que há de guiar-nos aos campos eternos onde há Vida em abundância.

Na primeira leitura o profeta Miqueias deixa aos habitantes de Judá um convite à esperança. Promete a esse povo humilhado, angustiado, com futuro incerto, que Deus lhe vai enviar um rei novo, humilde e bom, que inaugurará uma era de prosperidade, de justiça e de harmonia. Como pastor de Judá, ele deixar-se-á guiar pelas indicações de Deus; e será, para todos os que o esperam, “a paz”.

No Evangelho duas mulheres, grávidas de esperança, convidam-nos a centrar a nossa atenção no menino que está para chegar e a acolhê-lo convenientemente: com o mesmo amor, com a mesma alegria, com a mesma gratidão, com o mesmo espanto que elas sentiram diante da visita de Jesus. Jesus é – dizem-nos elas – o centro da história da salvação, a realização plena das promessas de Deus, o “Senhor” da história que vestiu a nossa humanidade para nos trazer a paz.

Na segunda leitura, um “mestre” cristão do séc. I oferece-nos a chave de leitura para entendermos a vida de Jesus: desde que Ele “entrou” no mundo, dispôs-se a pôr a sua vida ao serviço do plano de Deus, numa obediência total e numa entrega absoluta à vontade do Pai. É assim que são chamados a viver todos aqueles que se dispõem a acolher Jesus e a segui-l’O.

 

LEITURA I – Miqueias 5,1-4a

Eis o que diz o Senhor:
«De ti, Belém-Efratá,
pequena entre as cidades de Judá,
de ti sairá aquele que há de reinar sobre Israel.
As suas origens remontam aos tempos de outrora,
aos dias mais antigos.
Por isso Deus os abandonará
até à altura em que der à luz
aquela que há de ser mãe.
Então voltará para os filhos de Israel
o resto dos seus irmãos.
Ele se levantará para apascentar o seu rebanho
pelo poder do Senhor,
pelo nome glorioso do Senhor, seu Deus.
Viver-se-á em segurança,
porque ele será exaltado até aos confins da terra.
Ele será a paz».

 

CONTEXTO

Miqueias nasceu em Moreset Gat, uma aldeia de Judá, a cerca de 35 quilómetros a sudoeste de Jerusalém. Moreset Gat situa-nos num ambiente rural, onde abundavam os pequenos agricultores vítimas dos abusos dos grandes latifundiários. Por outro lado, a existência, nessa zona, de diversas fortalezas militares (Azeqa, Soco, Adulán, Maresa, Laquis) trazia aos habitantes da região um problema acrescido: os militares e funcionários reais que por lá se aquartelavam cometiam todo o género de arbitrariedades contra os camponeses pobres. Impostos excessivos, roubos à mão armada, obrigatoriedade de trabalhos forçados, prepotências e injustiças de todo o tipo amarguravam o dia a dia do povo simples da região.

De acordo com o livro (cf. Mq 1,1), o ministério profético de Miqueias prolongou-se pelos reinados de Jotam (739-734 a.C.), Acaz (734-727 a.C.) e Ezequias (727-698 a.C.). Para Judá, foi uma fase histórica difícil, marcada pela hegemonia da Assíria na região. Em 722 a.C., o rei assírio Salamanasar V conquistou a Samaria e, paralelamente, converteu Judá em vassalo da Assíria. Ezequias, rei de Judá, teve de submeter-se ao poderio assírio. Depois de alguns anos de relativa calma, aproveitando a morte do rei Sargão II (705 a.C.), Ezequias aderiu a uma coligação antiassíria; mas Senaquerib, sucessor de Sargão II, invadiu Judá, conquistou diversas cidades e cercou Jerusalém. Para evitar males maiores, Ezequias submeteu-se e comprometeu-se a pagar aos assírios um pesado tributo. Foi esse o cenário histórico que marcou os últimos anos do reinado de Ezequias.

Miqueias conhecia bem a situação dos camponeses de Judá. A sua mensagem denuncia as injustiças praticadas pelos grandes latifundiários, a venalidade dos juízes, as violências praticadas pelos militares e pela classe dirigente contra o povo simples, as mensagens mentirosas dos falsos profetas, a religião cúmplice dos injustos e prepotentes, a infidelidade a Deus manifestada no culto aos deuses estrangeiros… Miqueias considera que Deus está farto de tanto pecado e que se prepara para castigar Judá. Esta denúncia aparece sobretudo nos capítulos 1 a 3 do livro de Miqueias.

No entanto, o profeta deixa a porta aberta à esperança. Nos capítulos 4 e 5 do livro de Miqueias aparecem diversos oráculos de salvação que falam de um tempo novo que Deus prepara para o seu Povo: um resto de Judá será o viveiro de reflorescimento da nação; Jerusalém será um centro para onde acorrerão povos de toda a terra, a fim de se encontrarem com Deus; aparecerá um rei, da descendência de David, que apascentará Judá e inaugurará um tempo novo de tranquilidade, de paz e de abundância de vida. Alguns biblistas pensam que estes capítulos não foram redigidos por Miqueias, mas sim por um profeta anónimo, na época do Exílio na Babilónia.

O texto que a liturgia deste quarto domingo do advento nos propõe como primeira leitura pertence a este lote de “oráculos de salvação”.

 

MENSAGEM

O rei de Judá (Ezequias) foi humilhado pelos assírios, que o cercaram em Jerusalém e o envergonharam à frente do povo que ele governava (“fizeram um cerco contra nós; com a vara bateram na face do juiz de Israel” – Mq 4,14). Mas essa história de desastre vai ser mudada: Deus vai suscitar um rei novo para Judá, um rei que será muito diferente daqueles que têm regido os destinos do Povo.

Esse rei não nascerá em Jerusalém, no palácio real, onde a vida decorre no meio de intrigas, de ambições, de corrupções e de jogos de poder; mas virá da pequena aldeia de Belém-Efrata de onde outrora veio o rei David. Será um rei que retomará as origens humildes de David, o pastor de rebanhos que Deus escolheu para presidir aos destinos do seu Povo (vers. 1). Não cultivará o orgulho, a ambição, a autossuficiência, nem estará dominado pela consciência da sua grandeza e da sua importância; mas receberá de Deus, com toda a humildade, o poder para cuidar do rebanho. Dirigirá a nação tendo em conta as indicações de Deus (vers. 3).

Quando acontecerá isso? A resposta aparece em forma de enigma: “Deus os abandonará até à altura em que der à luz aquela que há de ser mãe. Então voltará para os filhos de Israel o resto dos seus irmãos” (vers. 2). O profeta não nos deixa pistas claras que nos permitam interpretar o enigma. Parece, contudo, dar a entender que o povo de Judá conhecerá um tempo de provação e de sofrimento (“Deus os abandonará”), até à altura de “dar à luz aquela que há de ser mãe”. Essa que “há de ser mãe” será, presumivelmente, a que dará à luz o rei prometido.  A referência ao tempo em que “voltarão para os filhos de Israel o resto dos seus irmãos” poderá aludir ao final do Exílio, quando os exilados voltarem para Jerusalém.

Finalmente, sob a autoridade desse rei, Judá viverá em paz e segurança: “ele será a paz” (vers. 5a). A palavra “shalom”, aqui utilizada, refere-se à ausência de violência e de conflito, mas também ao bem-estar, à abundância de vida, à harmonia, à felicidade plena. Será essa a obra do rei humilde e bom que Deus vai suscitar para o seu Povo.

Estamos aqui perante uma das mais belas profecias messiânicas do Antigo Testamento. Ela vai engrossar a corrente messiânica que, ao longo dos séculos, sustentará a esperança do Povo de Deus. O evangelista Mateus verá o cumprimento desta profecia no nascimento de Jesus (cf. Mt 2,5-6).

 

INTERPELAÇÕES

  • A profecia de Miqueias evidencia uma constante que se repete ao longo de toda a história da salvação: os homens, com ridícula teimosia, insistem em trilhar caminhos de egoísmo, de orgulho, de ambição, de injustiça, de violência, de destruição, de morte; e Deus, com amor infinito, insiste em apontar-lhes os caminhos que conduzem à vida, à paz, à realização plena, à felicidade sem fim. Teremos razão quando acusamos Deus por permitir o mal e a violência que ensombram o mundo e a história dos homens? Depois de tudo o que Deus tem feito para abrir portas de esperança nos muros sem saída que levantamos, podemos culpá-lo pelo estado atual do nosso mundo? Será Deus que não quer saber de nós, ou seremos nós que não queremos saber de Deus, das suas indicações e do seu amor?
  • Nós, cristãos, ligamos a profecia de Miqueias – sobre esse rei humilde que virá ao encontro dos homens e que será “a paz” – com a vinda de Jesus. Jesus, nascido da família de David, veio ao nosso encontro vestido de humildade e convidou-nos a colaborar com Ele na construção de um mundo de paz, de justiça, de entendimento, de amor. Jesus chamava, a esse “projeto”, o “reino de Deus”. Nós, encantados com Jesus, decidimos embarcar com Ele na bela aventura de construir o reino de Deus. Estamos verdadeiramente comprometidos com este projeto? Esforçamo-nos por eliminar tudo aquilo que, à nossa volta, é fonte de conflito, de injustiça, de opressão, de sofrimento, de morte? Procuramos dar testemunho de bondade, de amor, de misericórdia, de compreensão, de perdão, de serviço? O nosso objetivo é, como era o de Jesus, construir um mundo de paz?

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 79 (80)

Refrão 1: Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar,
mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos.

Refrão 2: Mostrai-nos, Senhor, o vosso rosto
e seremos salvos.

Pastor de Israel, escutai,
Vós estais sobre os Querubins, aparecei.
Despertai o vosso poder
e vinde em nosso auxílio.

Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha;
protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós.

Estendei a mão sobre o homem que escolhestes,
sobre o filho do homem que para Vós criastes.
Nunca mais nos apartaremos de Vós,
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome.

 

LEITURA II – Hebreus 10,5-10

Irmãos:
Ao entrar no mundo, Cristo disse:
«Não quiseste sacrifício nem oblações,
mas formaste-Me um corpo.
Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado.
Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui;
no livro sagrado está escrito a meu respeito:
Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’».
Primeiro disse: «Não quiseste sacrifícios nem oblações,
não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado».
E no entanto, eles são oferecidos segundo a Lei.
Depois acrescenta: «Eis-Me aqui:
Eu venho para fazer a tua vontade».
Assim aboliu o primeiro culto
para estabelecer o segundo.
É em virtude dessa vontade
que nós fomos santificados
pela oblação do corpo de Jesus Cristo,
feita de uma vez para sempre.

 

CONTEXTO

Não sabemos quem foi o autor do escrito a que se deu o nome de “Carta aos Hebreus”. A tradição oriental atribui-o a São Paulo; mas no ocidente há muito que este texto é considerado não paulino. Surgido na segunda metade da década de sessenta do primeiro século (antes da destruição de Jerusalém, no ano 70, pois fala da liturgia do Templo como uma realidade atual), poderá ser obra de um discípulo de Paulo, empenhado em estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé.

Embora a tradição tenha considerado como destinatários deste escrito os “hebreus”, isso não significa, efetivamente, que o seu autor o destinasse exclusivamente a cristãos oriundos do mundo judaico. É verdade que nele se referem continuamente factos e figuras do Antigo Testamento; mas, por essa altura, o Antigo Testamento era já património comum de todos os cristãos, mesmo dos que provinham do mundo greco-romano. Tratava-se, em qualquer caso, de comunidades cristãs em situação difícil, expostas a perseguições e que viviam num ambiente hostil à fé… Os membros dessas comunidades tinham já perdido o fervor inicial pelo Evangelho e começavam a ceder à sedução de certas doutrinas não muito coerentes com a fé recebida dos apóstolos…

A Carta aos Hebreus apresenta – recorrendo à linguagem da teologia judaica – o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência – através de quem os homens têm acesso a Deus e são inseridos na comunhão real e definitiva com Deus. O autor aproveita, na sequência, para refletir nas implicações desse facto: postos em relação com o Pai por Cristo/sacerdote, os crentes são inseridos nesse Povo sacerdotal que é a comunidade cristã e devem fazer da sua vida um contínuo sacrifício de louvor, de entrega e de amor. Desta forma, o autor oferece aos cristãos um aprofundamento e uma ampliação da fé primitiva, capaz de revitalizar a sua experiência de fé, enfraquecida pela acomodação e pela perseguição.

O texto que nos é proposto como segunda leitura neste quarto domingo do advento pertence à terceira parte da carta (Heb 5,11-10,39). Aí, o autor da Carta apresenta Cristo como o sumo-sacerdote. Mas, enquanto sumo-sacerdote que faz a mediação entre Deus e os homens, Cristo é bem superior aos sacerdotes véterotestamentários. Ele, o sumo-sacerdote da nova Aliança, inaugura um novo culto, oferecendo-se a si mesmo ao Pai, num sacrifício perfeito e eficaz. O seu sacrifício obtém a salvação eterna para todos os homens.

 

MENSAGEM

No universo religioso véterotestamentário, quando um crente pretendia celebrar a sua comunhão com Deus, manifestar a sua entrega absoluta a Deus, ou obter o perdão dos seus pecados, oferecia um animal em sacrifício. O ritual dos sacrifícios determinava pormenorizadamente como se processava cada uma destas ofertas sacrificiais (cf. Lv 1,1-17; 6,1-6: os holocaustos; Lv 3,1-17; 7,11-21: os sacrifícios de comunhão; Lv 4,1-35; 7,1-10: os sacrifícios de expiação pelo pecado). Além disso, todos os anos, no grande dia da Expiação (o “Yom Kipur”), o sumo-sacerdote realizava diversos rituais expiatórios pelos seus pecados e pelos pecados de todo o povo (cf. Lv 16,1-34). No entanto, a inutilidade e a ineficácia de todos esses sacrifícios tinham sido já afirmadas pelos profetas (cf. Is 1,11-13; Jr 6,20; 7,22; Os 6,6; Am 5,21-25; Mq 6,6-8). Os rituais sacrificiais sangrentos praticados no templo de Jerusalém não agradavam a Deus. Eram rituais puramente externos que, apesar de repetidos vezes sem conta, deixavam tudo na mesma: não mudavam o coração e os comportamentos dos homens.

Jesus, o sumo-sacerdote da nova Aliança, dispõe-se a oferecer a Deus um sacrifício diferente. O autor da Carta aos Hebreus põe na boca de Cristo, ao entrar no mundo, as palavras de um salmista (cf. Sl 40,7-8) que está consciente de que Deus pretende um outro tipo de sacrifício: “Não quiseste sacrifício nem oblações, mas formaste-Me um corpo. Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado. Então eu disse: ‘Eis-Me aqui’” (vers. 5-9). O melhor sacrifício que cada pessoa pode oferecer é o sacrifício da sua própria vida, a obediência à vontade de Deus, a humilde aceitação dos projetos de Deus, a entrega a Deus da totalidade da sua existência.

Ora, Cristo concretizou essa entrega de que o salmista véterotestamentário falava. Desde o primeiro instante da sua incarnação, Ele pôs a sua vida ao serviço do projeto de Deus. Essa entrega atingiu o seu momento culminante na cruz, quando Cristo derramou o seu sangue até à última gota para que se concretizasse o projeto de salvação que Deus tinha para os homens e para o mundo. Este sacrifício, feito de uma vez para sempre, reconciliou definitivamente os homens com Deus. Fomos santificados, fomos justificados pelo sacrifício de Cristo (vers. 10).

Numa altura em que nos preparamos para acolher Jesus, a reflexão que nos é oferecida pelo autor da Carta aos Hebreus prepara-nos para entender a sua incarnação, a razão da sua vinda ao nosso encontro e a forma como Ele viveu enquanto caminhou no meio de nós. Ajuda-nos, por outro lado, a aguardar a vinda de Jesus na mesma atitude de obediência, de disponibilidade e de entrega que Ele sempre teve em relação ao projeto do Pai.

 

INTERPELAÇÕES

  • O autor da Carta aos Hebreus oferece-nos uma boa chave de leitura para entender a vida de Jesus: desde que Ele “entrou” no mundo, dispôs-se a pôr a sua vida ao serviço do plano de Deus, numa obediência total e numa entrega absoluta à vontade do Pai. Jesus não privilegiou projetos pessoais, nem buscou em primeiro lugar a própria realização; não procurou a riqueza, o reconhecimento, as glórias humanas, o aplauso das multidões, a segurança ou o bem-estar. Uma vez disse aos discípulos: “o meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra” (Jo 4,34). Desceu ao encontro dos homens, vestiu a nossa fragilidade, experimentou a fome, a sede, o cansaço, o medo, enfrentou os donos do mundo, combateu as injustiças, correu todos os riscos, foi condenado a uma morte infame, para concretizar o projeto do Pai. Qual o lugar que o projeto de Deus assume na nossa vida e nas nossas prioridades? O que é que nos move, nos faz todos os dias levantar da cama e enfrentar o mundo: os nossos interesses pessoais, as nossas realizações humanas, ou a concretização do projeto de Deus?
  • O autor da Carta aos Hebreus sugere que os sacrifícios, os holocaustos, os rituais externos que nada mudam, a religião de fachada, não são o culto que Deus espera. A Deus de nada servem as nossas liturgias solenes, os nossos cânticos religiosos polifónicos, as nossas procissões, as nossas orações mil vezes repetidas, os paramentos sumptuosos que usamos nas nossas liturgias, as nossas procissões cheias de andores, as nossas práticas de piedade, as nossas festas religiosas meio cristãs e meio pagãs, se não estivermos disponíveis para escutar e para acolher a sua vontade, o projeto que Ele tem para os homens e para o mundo. Como é o culto que prestamos a Deus? A vivência da nossa fé vai além de uma religião de gestos externos, de práticas piedosas, de rituais litúrgicos rotineiros? A nossa grande prática religiosa é a obediência à vontade de Deus?
  • Para conhecermos o projeto de Deus e para obedecermos à sua vontade, precisamos de passar tempo com Ele. Jesus sempre reservou tempo para o diálogo com Deus. Cada dia, depois do encontro com as multidões, retirava-se para um lugar isolado e falava com o Pai. Nesse diálogo, tomava consciência do amor que o Pai lhe tinha, descobria a vontade do Pai e ganhava força para cumprir a missão. Jesus saía desses momentos fortalecido na sua decisão de obedecer incondicionalmente ao Pai. O tempo de advento é um tempo favorável para revitalizarmos a nossa intimidade com Deus, para falarmos mais com Deus, para escutarmos e acolhermos a sua Palavra. Dispomo-nos a isso, enquanto esperamos o Senhor que vem?

 

ALELUIA – Mateus 1,38

Aleluia. Aleluia.

Eis a escrava do Senhor:
faça-se em mim segundo a vossa palavra.

 

EVANGELHO – Lucas 1,39-45

Naqueles dias,
Maria pôs-se a caminho
e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos
a voz da tua saudação,
o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou
no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito
da parte do Senhor».

 

CONTEXTO

O texto de Lucas que nos é proposto neste quarto domingo do advento pertence ao chamado “Evangelho da Infância”. Ora, os “Evangelhos da Infância de Jesus” (quer o de Mateus, quer o de Lucas) enquadram-se num género literário próprio, que recorre às técnicas do midrash haggádico (uma técnica de leitura e de interpretação do texto sagrado usada pelos rabis judeus) para nos apresentar o mistério de Jesus. A preocupação dos evangelistas que nos legaram os “Evangelhos da Infância” não é apresentar um relato factual dos acontecimentos dos primeiros anos de Jesus, mas sim oferecer às suas comunidades uma catequese que proclame determinadas realidades salvíficas (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o “Deus connosco”). Com recurso a tipologias (correspondência entre certos factos e pessoas do Antigo Testamento e outros factos e pessoas do Novo Testamento), a manifestações apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) e a outros recursos literários, Mateus e Lucas tecem as suas catequeses sobre Jesus, o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens. O Evangelho que nos é hoje proposto deve ser entendido a esta luz e neste enquadramento.

Antes da cena que nos descreve no Evangelho deste domingo, Lucas tinha-nos contado a visita do anjo Gabriel a Maria e o anúncio de que ela seria a mãe de Jesus, o “Filho do Altíssimo”. O anjo tinha também dito a Maria que a sua parente Isabel estava no sexto mês de gravidez e ia dar à luz uma criança (cf. Lc 1,26-38). Na sequência, Lucas põe Maria a deixar Nazaré e a dirigir-se “apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá” (Lc 1,39). O seu objetivo é ir ao encontro de Isabel. A tradição cristã identifica essa “cidade de Judá” com a atual Ain Karim, a seis quilómetros a oeste de Jerusalém.

 

MENSAGEM

O evangelista Lucas não mostra qualquer interesse na descrição da viagem de Maria de Nazaré desde a Galileia até à Judeia; passa logo para o encontro entre as duas futuras mães (Maria, aquela que vai ser a mãe de Jesus e Isabel, aquela que vai ser a mãe de João).

Maria “entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” (vers. 40). “Shalom” é a saudação habitual hebraica (“paz”). A indicação da saudação de Maria parece um dado banal; mas, se Lucas o inclui na sua narração, é porque não o considera algo rotineiro e insignificante. Maria entrou em casa de Zacarias desejando e levando a “paz”. A palavra hebraica “shalom” expressa tudo aquilo que de bom se pode desejar a alguém: o bem-estar, a harmonia, a saúde, a abundância de vida, a felicidade. Ora, a “paz” é, na tradição religiosa de Israel, um dom messiânico: nos dias do rei que há de vir “florescerá a justiça e uma grande paz até ao fim dos tempos” (Sl 72,7); o menino que vai nascer para nós e que “tem a soberania sobre os ombros” será chamado “Príncipe da Paz” (Is 9,5); aquele que virá de Belém-Efratá para reinar sobre Israel “será a paz” (Mq 5,4). À casa de Zacarias chegou, levada por Maria, a paz que o Messias traz para o seu Povo.

Isabel, ao acolher a saudação de Maria, sente que o filho que traz no seu seio “exultou” (vers. 41). É a reação de alegria de quem se encontra com o Messias, aquele que traz a paz. O filho de Isabel (que terá como missão preparar os homens para a chegada do Senhor) reconhece no filho de Maria o Messias que vai nascer e que vai oferecer a Israel os dons de Deus. A presença de Jesus provoca a alegria, o estremecimento gozoso do Israel fiel que espera a concretização das promessas de Deus e que vê na chegada de Jesus a proximidade desse mundo de justiça, de paz e de felicidade anunciado pelos profetas.

Isabel responde à saudação de Maria com um grito de alegria que se exprime numa dupla bendição: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (vers. 42). A expressão “bendita és tu entre as mulheres” aparece no “cântico de Débora” (cf. Jz 5,24) para celebrar Jael, a mulher que, apesar da sua fragilidade, foi o instrumento de Deus para libertar o Povo das mãos de Sísera, o chefe do exército cananeu que oprimia Israel; também aparece no cântico que celebra a ação de Judite, a mulher que cortou a cabeça do general assírio Holofernes e libertou o Povo de Deus do assédio do exército assírio (cf. Jdt 13,18). Maria, a mulher simples e pobre de Nazaré, é apresentada como o instrumento de Deus para concretizar a salvação/libertação do Povo de Deus. A expressão “bendito é o fruto do teu ventre” é o reconhecimento, por parte de Isabel, que Maria traz consigo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer a Vida nova e eterna.

O grito de alegria de Isabel casa-se com o espanto que ela sente pela presença da mãe do Senhor na sua humilde casa: “Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?” (vers. 43). Isabel, na sua humildade, não se sente digna de acolher o Messias esperado, que lhe entra em casa trazido por Maria. O espanto, a humildade e a alegria são os sinais que acompanham sempre a chegada de Deus às nossas vidas. Por outro lado, Isabel reconhece que aquele bebé que Maria traz no seu ventre é o “Kyrios”, o Senhor do mundo e da história, o Deus que vem ao encontro dos homens e preside à comunidade da nova Aliança.

Finalmente, Isabel proclama a “bem-aventurança” de Maria: “bem-aventurada aquela que acreditou

no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor” (vers. 45). Ela é bem-aventurada porque escutou a Palavra de Deus, acreditou em Deus e no seu projeto, dispôs-se a colaborar no plano salvador de Deus. Esta bem-aventurança serve de preparação para uma cena que nos será contada mais tarde, quando Lucas descreve o ministério de Jesus… Uma mulher anónima, levantando a voz do meio da multidão, proclamou, dirigindo-se a Jesus: “felizes as entranhas que te trouxeram, e os seios que te amamentaram” (Lc 11,27); e Jesus respondeu-lhe: “felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,28). Maria é bem-aventurada porque acreditou na Palavra de Deus, acolheu os desígnios de Deus, pôs em prática o plano de Deus. A forma como ela escutou e acolheu a Palavra de Deus, tornam-na modelo de fé para todos os discípulos.

Na casa de Zacarias encontram-se duas mulheres que são “parentes”, são da mesma família: Isabel e Maria, o Antigo e o Novo Testamento, o Israel da antiga Aliança e o Povo da nova Aliança. Isabel e o seu bebé representam a comunidade véterotestamentária, grávida de esperança, que aguarda a realização das promessas feitas por Deus através dos profetas; Maria e o seu bebé representam o cumprimento dessas promessas, a nova realidade nascida a partir da visita de Deus ao mundo e à vida dos homens. O Israel fiel, através de Isabel, reconhece no bebé que Maria traz consigo o “Kyrios”, o Deus que vem ao encontro do seu Povo para concretizar as suas promessas e para instaurar uma nova era de vida e de paz sem fim.

 

INTERPELAÇÕES

  • Estamos na última etapa do “caminho do advento”. Nestes dias que antecedem a celebração do Natal tendemos a ser apanhados pela azáfama dos preparativos para a festa, pela corrida às “prendas”, pelo protocolo dos desejos de boas festas, pelo “ruído de fundo” das luzes, dos spots comerciais, das músicas natalícias; e, no meio dessa onda de futilidade que nos submerge e que nos arrasta, podemos perder de vista o Deus que vem ter connosco. Ora, aquelas duas mulheres grávidas de esperanças – Maria e Isabel – que Lucas coloca no centro do Evangelho deste domingo convidam-nos a centrar a nossa atenção no menino que está para chegar e a acolhê-lo convenientemente: com o amor, com a alegria, com a gratidão, com o espanto que elas sentiram diante da visita de Jesus. Jesus é o centro da história da salvação, a realização plena das promessas de Deus, o “Senhor” da história (o “Kyrios”) que vestiu a nossa humanidade para nos trazer a paz. Estamos focados n’Ele? No nosso coração e na nossa vida há lugar para Ele?
  • Maria, depois de receber o chamamento de Deus e de aceitar ser a mãe do “Filho do Altíssimo”, pôs-se a caminho. Não fica fechada na sua casa, mergulhada na contemplação do seu estatuto de mãe de um menino que vai herdar “o trono de seu pai David” e que “reinará eternamente sobre a casa de Jacob” (Lc 1,32-33), como lhe disse o mensageiro de Deus. Transportando o Messias prometido, ela torna-se mensageira da paz. Habitada por notícias felizes, Maria faz-se “evangelizadora”. Ela leva o “Evangelho” ao encontro daqueles que esperam ansiosamente a Boa notícia da chegada libertadora de Deus. É assim que ela prepara o nascimento daquele menino que vem mudar o curso da história dos homens. Nestes dias que antecedem a celebração do nascimento de Jesus, temos sido mensageiros da paz que Jesus veio oferecer ao mundo e aos homens? Temos sido arautos da Boa notícia da chegada da salvação?
  • Quando Maria chegou junto de Isabel e a saudou, o bebé de Isabel estremeceu de alegria no seio da mãe. Isabel também reagiu à chegada e à saudação de Maria com um grito irreprimível de alegria. É a alegria de quem se sente visitado por Deus; é a alegria de quem reconhece a chegada da salvação; é a alegria de quem percebe que chegou o tempo novo da paz verdadeira, da libertação definitiva, da felicidade sem fim. Os homens e mulheres que todos os dias se cruzam connosco nos caminhos da vida estremecem de alegria com as notícias que lhes damos? Sentem, através do nosso testemunho, que Deus chegou para os fazer avançar por um caminho novo e feliz? Aqueles que a vida magoou, os que ficam caídos nas bermas da estrada por onde a humanidade vai avançando, os que não têm voz nem vez, os que choram lágrimas amargas de revolta e de arrependimento sentem, a partir do nosso testemunho, que Deus veio ao encontro deles para lhes curar as feridas e para lhes dar uma nova esperança?
  • Maria de Nazaré é uma jovem humilde de uma aldeia que não vem no mapa, noiva de um pobre artesão de Nazaré; Isabel é uma mulher já com alguma idade, dona de casa, que vive numa pequena povoação de Judá, ao lado de um marido igualmente idoso. Nenhuma delas aparece na lista das mulheres importantes da Palestina daquela época. Maria foi escolhida para trazer ao mundo Jesus, o salvador prometido por Deus aos homens; Isabel foi visitada pelo menino que veio trazer a esperança a Israel e ao mundo. Elas são “benditas”, apesar da humildade e simplicidade das suas vidas. Deus, quando entra no mundo, escolhe sempre a porta da simplicidade, da humildade, da pequenez. Estamos conscientes disto? Quem são hoje, para nós, aqueles e aquelas que são “benditos”? Quem são hoje aqueles e aquelas através dos quais Deus oferece ao mundo e salvação e a paz?
  • Isabel proclama Maria “bem-aventurada” porque “acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor”. De facto, Maria não precisou de grandes explicações quando lhe foi pedido que colaborasse no projeto de Deus. Não hesitou, não pediu garantias, não procurou salvaguardar os seus projetos pessoais, não pôs em causa a lógica de Deus… Confiou simplesmente na Palavra de Deus e entregou-se confiadamente nas mãos de Deus. Maria é a mulher da fé autêntica, o modelo do crente verdadeiro. É dessa forma que nós “acreditamos”? Quando Deus nos pede que vamos contra o bem senso, ou contra a corrente, ou contra os “fazedores de opinião” do nosso tempo, aceitamos a Palavra de Deus e reagimos com a mesma confiança incondicional de Maria?
  • Embora o nosso texto não fale disso, é possível ver, na visita de Maria a Isabel, um gesto de solidariedade para com aquela parente idosa que ia ter um bebé e que precisava de apoio e de ajuda. Temos consciência de que acolher Jesus é estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades?

 

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 4.º DOMINGO DO ADVENTO
(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 4.º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. GESTO PARA A LITURGIA DA PALAVRA.

Aproxima-se a noite da Palavra que se fez carne. No início da liturgia da Palavra, pode-se levar o lecionário em procissão, acompanhado de música que favoreça um clima de escuta e de pequenas velas que se podem colocar à volta do ambão. No fim da celebração, as velas podem ser levadas para junto do presépio, sublinhando-se assim a relação entre a Palavra proclamada no ambão e o Verbo que vem no Natal.

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.

Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

 

No final da primeira leitura:

“Deus fiel, nós Te bendizemos pela obra que cumpriste ao longo dos séculos. Nos momentos de inquietude, apoiaste o teu povo através dos profetas e anunciaste-lhe o envio do Messias.

Confiamos-Te o nosso mundo, onde tantos homens vivem ainda na insegurança. Que a tua paz se estenda até aos confins da terra”.

 

No final da segunda leitura:

“Cristo Jesus, damos-Te graças pela tua vinda ao nosso mundo. Nela descobrimos o cumprimento das antigas oblações, porque Te ofereceste a Ti mesmo, dizendo: «Eis-Me aqui. Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade».

Pela Eucaristia, Tu nos envolves na tua oblação. Santifica-nos pelo teu Espírito, abre os nossos corações à procura da tua vontade de salvação”.

 

No final do Evangelho:

“Deus nosso Pai, nós Te louvamos pela felicidade que nos dás com a tua visita. Felizes aqueles que acreditam no cumprimento das palavras que nos diriges nas leituras de cada domingo.

Confiamos-Te os casais jovens que preparam a vinda de um filho e todas as pessoas que se dedicam totalmente ao cuidado dos seus filhos”.

4. BILHETE DE EVANGELHO.

Jesus poderia ter nascido em Nazaré, mas o recenseamento decretado pelo imperador Augusto obriga Maria e José a deslocarem-se: é em Belém que nasce o Messias. Jesus poderia ter nascido na sala comum, mas aí não havia lugar para Ele: é na manjedoira que Ele nasce. A notícia poderia ter sido anunciada aos grandes deste mundo e aos religiosos da época: é aos pastores que é anunciado o nascimento do Salvador. Compreendemos o seu medo, mas o mensageiro de Deus dá-lhes confiança. O sinal da vinda de Deus ao meio dos homens poderia ter sido um sinal maravilhoso, extraordinário, mas é o menino nascido numa manjedoira que é o sinal oferecido aos pastores, primeiras testemunhas do Emanuel, Deus connosco. O silêncio da noite e a serenidade do presépio parecem ser perturbados pela numerosa turba celestial que louva Deus. Com o menino de Belém, a glória de Deus manifesta-se e a paz é oferecida aos homens que Deus ama.

5. À ESCUTA DA PALAVRA.

A Palavra, evidentemente, está no centro da festa de Natal, pois “a Palavra de Deus fez-se carne e habitou entre nós”. Dizemos “Palavra do Senhor”, “Palavra da salvação”! Convite a anunciar a Palavra de Deus… Diz a sabedoria popular com razão: “A palavra é de prata, mas o silêncio é de oiro”. Deus, melhor do que ninguém, conhece e põe em prática este provérbio! Quando envia a Palavra aos homens, começa por um silêncio… Os anjos anunciam, José e Maria fazem silêncio… assim como menino recém-nascido, após os normais gritos do nascimento… O coração do Natal é, acima de tudo, um grande silêncio. Aparte o episódio dos 12 anos de Jesus na sua adolescência, os Evangelhos não nos transmitem qualquer palavra de Jesus durante cerca de 30 anos. E, para terminar, o silêncio de Jesus na cruz… E agora, hoje, muitas vezes Deus continua a calar-se… Deus quer, antes de mais, dar-nos o seu silêncio, estabelecer entre Ele e nós um espaço de silêncio… Falamos demasiado… Eis porque Deus começa por se calar, para que o seu próprio silêncio se torne mensagem, convite a nos tornarmos atentos à sua presença. Nesta noite de Natal, procuremos estar unidos ao silêncio de José, de Maria e de Jesus. Assim, talvez ouçamos, nós também, no fundo do nosso coração, uma música muito doce, como um murmúrio de Deus que vem dizer-nos que, nesta noite, é dentro de nós que Ele quer nascer!

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.

Pode-se escolher a Oração Eucarística III. Está bem presente o tema da oblação de Cristo, evocada na segunda leitura.

7. PALAVRA PARA O CAMINHO…

Desde a conceção de Jesus, são duas mulheres que testemunham, antes de qualquer outro, a sua esperança enfim cumprida: Isabel e Maria. São ainda mulheres as primeiras a testemunhar o segundo nascimento de Jesus na manhã de Páscoa! Felizes aquelas que acreditaram no cumprimento das palavras que lhes foram ditas da parte do Senhor! Em vésperas de Natal, sejamos apressados, como Maria: ponhamo-nos a caminho rapidamente! E que algo faça mexer e estremecer em nós: as palavras que nos foram ditas da parte do Senhor, vamos levá-las aos irmãos que vivem sem esperança.

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org