05º Domingo da Quaresma – Ano C [atualizado]

ANO C
5.º DOMINGO DA QUARESMA

Tema do 5.º Domingo da Quaresma

Nesta quinta etapa do caminho quaresmal, a liturgia convida-nos a libertarmo-nos de tudo aquilo que nos escraviza e a caminharmos, com coragem e decisão, para a meta que nos espera: a vida renovada, o horizonte de liberdade e de felicidade que Deus quer oferecer a todos os seus queridos filhos.

Na primeira leitura, o Deus que libertou os hebreus da escravidão do Egito anuncia aos exilados na Babilónia que irá concretizar uma nova intervenção salvadora em favor do seu povo. Os exilados irão ser libertados; e, acompanhados por Deus, percorrerão um caminho que os trará novamente para a terra de onde tinham sido arrancados, a terra onde corre leite e mel. É esse o desafio que Deus deixa também a nós, neste tempo de Quaresma: caminharmos da escravidão para a liberdade, da vida velha para a vida nova.

No Evangelho Jesus mostra, a partir da história de uma mulher acusada de cometer adultério, como é que Deus lida com as nossas decisões erradas: “Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar”. O perdão de Deus, fruto do seu amor, falará sempre mais alto do que o nosso pecado. A grande preocupação de Deus não é castigar quem falhou; mas é apontar aos seus queridos filhos um caminho novo, de liberdade, de realização e de vida sem fim.

Na segunda leitura Paulo de Tarso partilha com os cristãos da cidade de Filipos a sua experiência: desde que se encontrou com Cristo, Paulo deixou para trás todo o “lixo” que lhe limitava os movimentos e que o impedia de correr ao encontro de Cristo. A sua grande preocupação é identificar-se cada vez mais com Cristo e correr para a meta final, onde espera encontrar a vida definitiva.

 

LEITURA I – Isaías 43,16-21

O Senhor abriu outrora caminhos através do mar,
veredas por entre as torrentes das águas.
Pôs em campanha carros e cavalos,
um exército de valentes guerreiros;
e todos caíram para não mais se levantarem,
extinguiram-se como um pavio que se apaga.
Eis o que diz o Senhor:
«Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados,
não presteis atenção às coisas antigas.
Olhai: vou realizar uma coisa nova,
que já começa a aparecer; não a vedes?
Vou abrir um caminho no deserto,
fazer brotar rios na terra árida.
Os animais selvagens – chacais e avestruzes –
proclamarão a minha glória,
porque farei brotar água no deserto,
rios na terra árida,
para matar a sede ao meu povo escolhido,
o povo que formei para Mim
e que proclamará os meus louvores».

 

CONTEXTO

“Deutero-Isaías” é o nome que se dá a um profeta anónimo, provavelmente da escola de Isaías, que cumpriu a sua missão profética entre os exilados judeus na Babilónia e que é o autor dos capítulos 40 a 55 do livro de Isaías. Esses capítulos são conhecidos como o “livro da Consolação”, uma vez que as reflexões desenvolvidas pelo profeta se destinam a “consolar” os judeus exilados.

Estamos na fase final do Exílio, entre 550 e 539 a.C., numa altura em que os exilados estão especialmente frustrados e desanimados. Tinham passado algumas dezenas de anos desde que Jerusalém fora arrasada por Nabucodonosor e que os sobreviventes da guerra tinham sido levados como prisioneiros para a Babilónia. Os exilados pensavam, inicialmente, que Deus iria atuar rapidamente e libertar o seu Povo do cativeiro; mas os anos passavam e nada disso acontecia. Deus teria virado definitivamente as costas ao seu Povo? Os deuses babilónicos seriam mais poderosos e estariam a impedir Javé de libertar o Seu Povo? Os exilados estariam condenados a morrer numa terra estrangeira sem cumprirem o sonho de rever a sua terra? O Deutero-Isaías dirige-se a este povo que começa a perder a esperança, responde às suas questões e procura dar-lhe ânimo.

Na primeira parte do “Livro da Consolação” (Is 40-48), o profeta anuncia a iminência da libertação e compara a libertação da Babilónia – que ele perspetiva para breve – com o Êxodo do Egipto. É neste contexto que deve ser enquadrada a primeira leitura deste quinto domingo da Quaresma: é um oráculo de salvação, no qual Javé, pela voz do Deutero-Isaías, anuncia a ruína da Babilónia e a iminência de um “novo Êxodo” para o povo de Deus.

 

MENSAGEM

Dirigindo-se aos exilados na Babilónia, Deus apresenta-se: Ele é “o rei”, o “criador de Israel”, aquele que, há alguns séculos, esteve na origem do acontecimento “fundante” que marcou a vida e a história do povo de Deus: a libertação dos hebreus da escravidão do Egito. Nessa altura, foi Deus que “abriu caminhos através do mar”, a fim de que o povo pudesse fugir da terra da escravidão para a terra da liberdade (vers. 16); foi Ele também que combateu e venceu as orgulhosas tropas do faraó, que extinguiu o poderio egípcio do mesmo modo que se apaga uma mecha que fumega (vers. 17). Ao agir assim, Deus provou o seu poder e mostrou o seu compromisso com Israel.

Agora, muitos séculos depois, o povo de Deus está outra vez exilado numa terra estrangeira. Muitos dos exilados vivem das memórias do passado, estão agarrados a coisas que já lá vão (vers. 18). Que esse olhar para o passado não signifique ficar estagnado, acomodado, incapaz de enxergar o futuro que se prepara. Se alguém olhar para o passado, que seja para descobrir, nas ações de Deus em favor do seu povo, um “padrão”: o Deus que outrora interveio para libertar o seu povo, é o Deus que sempre agirá da mesma forma quando vir que esse povo é maltratado e injustiçado. O Deus libertador e salvador de outrora, será o Deus salvador e libertador de hoje e de sempre.

Cientes disto, os exilados devem olhar para o futuro. Se o fizerem, vão perceber os sinais de um novo êxodo, de uma nova libertação, de um tempo novo que está para chegar. Deus já está a preparar uma intervenção para salvar o seu povo.

Quando o Deutero-Isaías proclama aos exilados esta mensagem, o panorama político do antigo Médio Oriente estava efetivamente a mudar. Ciro, o conquistador persa, preparava-se para desmantelar o império babilónio. O Deutero-Isaías, atento aos sinais da história, via em Ciro o instrumento de Deus para libertar o povo de Deus exilado na Babilónia. Ele achava que os exilados deviam apenas ter um pouco mais de paciência antes que Deus, através da ação de Ciro, libertasse o seu povo e o trouxesse de regresso à terra de Judá. Irá acontecer um novo êxodo – garante o profeta.

O novo êxodo que Deus prepara para o seu povo é descrito pelo Deutero-Isaías em termos grandiosos: Deus vai abrir um caminho largo e direito no deserto, a fim de que os exilados possam fazer tranquilamente a viagem de regresso à sua terra (vers. 19); Deus vai fazer brotar rios na terra árida, para que o seu povo não sofra, ao longo do caminho, os tormentos da sede; e todos – até os animais selvagens – vão ver e reconhecer a ação salvadora de Deus em favor do seu povo. Unir-se-ão todos – os seres humanos e todos os outros seres criados – para cantar a glória e o poder de Deus (vers. 20).

A atuação de Deus manifestará, de forma clara, o amor e a solicitude de Deus pelo seu povo. Diante da ação de Javé, Israel tomará consciência de que é o povo eleito e dará a resposta adequada: louvará o seu Deus pelos dons recebidos (vers. 21).

 

INTERPELAÇÕES

  • Israel colocou na base do edifício da sua fé um encontro decisivo com o Deus que o libertou da escravidão no Egito. Essa experiência primordial ofereceu aos catequistas de Israel um paradigma para ler e entender as futuras ações de Deus em favor do seu povo: o Deus que salvou os escravos hebreus da opressão do faraó, é o Deus que não se conforma com qualquer escravidão que roube a vida e a dignidade dos seus filhos e que agirá sempre para os libertar do sofrimento e da morte. Toda a fé de Israel está firmemente ancorada nesta certeza. Hoje, ao escutar o texto do Deutero-Isaías que a primeira leitura nos apresenta, somos convidados a acolher este “dogma” fundamental na experiência de fé do povo de Deus. Também para nós, no séc. XXI, o mesmo Deus libertador quer salvar-nos de tudo aquilo que nos escraviza e nos impede de viver com dignidade. Nesse processo libertador, há coisas que Deus fará, e há coisas que teremos de ser nós a fazer, com a ajuda de Deus. Quais são, na nossa experiência de todos os dias, as “escravidões” que nos amarram e que nos impedem de construir uma vida com sentido? O que podemos fazer, da nossa parte, para derrotarmos os mecanismos de escravidão e de morte que nos atingem e que atingem tantos dos nossos irmãos?
  • “Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas” – pede Deus ao seu povo através do Deutero-Isaías. Trata-se de uma boa sugestão. Determo-nos nostalgicamente a contemplar o passado, pode contribuir para nos alhearmos da realidade presente e para limitarmos a nossa capacidade de construir um “hoje” com sentido. Ficar a olhar o passado pode significar estagnação, conformismo, acomodação, instalação, fechamento ao mundo; e nada disso é construtivo. Quando ficamos presos ao que já lá vai, num saudosismo que paralisa, acabamos por passar ao lado dos desafios sempre novos de Deus e dos dons que, em cada novo dia, Deus nos destina. Deixamo-nos levar pela tentação do passado, decidindo que “antigamente é que era bom” e que “agora está tudo pior”, ou estamos disponíveis para olhar em frente e para acolher, no nosso tempo, os dons de Deus?
  • “Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida” – diz Deus ao seu povo. Podemos ver o “caminho quaresmal” como esse caminho novo que Deus se propõe abrir para nós e que nos leva ao encontro de uma existência vivida de forma mais livre, mais feliz, mais realizada. Estamos sinceramente dispostos a enveredar por esse caminho? Haverá alguma coisa – ideias, comportamentos, atitudes, formas de ver o mundo, maneiras de nos relacionarmos com os nossos irmãos – que nos propomos abandonar, a fim de caminharmos mais livres e mais desimpedidos em direção a essa vida nova que Deus se propõe oferecer-nos?

 

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 125 (126)

Refrão 1: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor.

Refrão 2: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo.

 

Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e de nossos lábios cânticos de júbilo.

Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.

À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta, vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas.

 

LEITURA II – Filipenses 3,8-14

Irmãos:
Considero todas as coisas como prejuízo,
comparando-as com o bem supremo,
que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor.
Por Ele renunciei a todas as coisas
e considerei tudo como lixo,
para ganhar a Cristo
e n’Ele me encontrar,
não com a minha justiça que vem da Lei,
mas com a que se recebe pela fé em Cristo,
a justiça que vem de Deus e se funda na fé.
Assim poderei conhecer Cristo,
o poder da sua ressurreição
e a participação nos seus sofrimentos,
configurando-me à sua morte,
para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos.
Não que eu tenha já chegado à meta,
ou já tenha atingido a perfeição.
Mas continuo a correr, para ver se a alcanço,
uma vez que também fui alcançado por Cristo Jesus.
Não penso, irmãos, que já o tenha conseguido.
Só penso numa coisa:
esquecendo o que fica para trás,
lançar-me para a frente, continuar a correr para a meta,
em vista do prémio a que Deus, lá do alto,
me chama em Cristo Jesus.

 

CONTEXTO

A cidade de Filipos, situada na Macedónia oriental, era uma cidade próspera, com uma população constituída maioritariamente por veteranos romanos do exército. Organizada à maneira de Roma, estava fora da jurisdição dos governantes das províncias locais e dependia diretamente do imperador. Gozava dos mesmos privilégios das cidades de Itália e os seus habitantes tinham cidadania romana. Paulo chegou a Filipos pelo ano 49 ou 50, no decurso da sua segunda viagem missionária, acompanhado de Silvano, Timóteo e Lucas (cf. At 16,1-40). Da sua pregação nasceu a primeira comunidade cristã em solo europeu.

A comunidade cristã de Filipos era uma comunidade entusiasta, generosa, comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja (como no caso da coleta em favor da Igreja de Jerusalém – cf. 2Cor 8,1-5). Paulo nutria pelos cristãos de Filipos um afeto especial; e os filipenses, por seu turno, tinham Paulo em grande apreço. Apesar de tudo, a comunidade cristã de Filipos não era perfeita: os altivos patrícios romanos de Filipos tinham alguma dificuldade em assumir certos valores como o desprendimento, a humildade e a simplicidade.

Paulo escreve aos Filipenses numa altura em que estava na prisão (não sabemos se em Cesareia, em Roma, ou em Éfeso). Os filipenses tinham-lhe enviado, por um membro da comunidade chamado Epafrodito, uma certa quantia em dinheiro, a fim de que Paulo pudesse prover às suas necessidades. Na carta, Paulo agradece a preocupação dos filipenses com a sua pessoa (cf. Flp 4,10-20), exorta-os a manterem-se fiéis ao Evangelho de Jesus e a incarnarem os valores que marcaram a vida de Cristo (cf. Flp 2,5). A carta apresenta, também, uma parte “polémica” (cf. Flp 3,1b-4,1.8-9), na qual Paulo avisa os filipenses contra os “cães”, os “maus trabalhadores” (Flp 3,2) que, em Filipos como em todo o lado, semeiam a dúvida e a confusão na comunidade. Quem são estes? São os chamados “judaizantes”, isto é, os pregadores cristãos de origem judaica que proclamavam a obrigatoriedade da circuncisão e da obediência à Lei de Moisés.

O texto que nos é proposto insere-se nesse discurso de polémica contra os adversários “judaizantes”. Nele, Paulo pede aos Filipenses que não se deixem enganar por esses falsos pregadores, que se apresentam com títulos de glória, mas que parecem esquecer que só Cristo é importante.

 

MENSAGEM

Ao exibicionismo e ao discurso pretensioso dos “judaizantes”, que alardeiam por todo o lado os seus títulos de glória e os seus méritos enquanto cumpridores da Lei moisaica, Paulo contrapõe o seu próprio exemplo. Ele teria mais razões do que outros para exibir os seus títulos: é hebreu genuíno, filho de hebreus, da tribo de Benjamim; foi circuncidado com oito dias; foi fariseu convicto, estudou a Lei na melhor escola de Jerusalém e viveu irrepreensivelmente como filho da Lei (cf. Flp 3,5-6). No entanto, considera que tudo isso nada vale diante da única coisa verdadeiramente decisiva: “conhecer” Jesus Cristo. A palavra “conhecer” deve ser aqui entendida no mais genuíno sentido da tradição bíblica, quer dizer, no sentido de “entrar em comunhão de vida e de destino” com uma pessoa. Aquilo que Paulo procura agora, aquilo que ele sente como determinante na sua vida, é identificar-se com Cristo e viver em comunhão com Cristo. Tudo o que não é “conhecimento” de Cristo – a circuncisão, os ritos da Lei de Moisés, as credenciais que os estudos rabínicos lhe outorgaram – são apenas “lixo” (“skýbalon”: “esterco”, “excremento”) que deve ficar para trás (vers. 8). A “justificação” que leva à vida não vem do cumprimento das obras da Lei, mas sim da adesão (“fé”) a Cristo (vers. 9). Aderindo a Cristo, identificando-se com Cristo e vivendo em comunhão com Cristo, Paulo está seguro de que o seu destino final será a vida nova, a ressurreição (vers. 10-11).

De resto, Paulo está consciente de que ainda tem um longo caminho a percorrer até alcançar esse destino final (vers. 12). A sua identificação com Cristo é um processo em construção. Implica um esforço diário, uma luta nunca terminada. Paulo sente-se como um atleta que corre em direção a uma meta; mas está consciente de que a meta ainda está distante. Resta a Paulo lançar-se para a frente, esquecer tudo aquilo em que durante algum tempo tinha apostado e não tirar os olhos da “meta” que é o encontro com Cristo (vers. 13-14). Esse é o único caminho que faz sentido para quem descobre Cristo e a beleza da sua proposta.

Os filipenses – e, é claro, os crentes de todos os tempos e lugares – farão bem em imitar o exemplo de Paulo e em correr decididos ao encontro de Cristo, sem deixar que nada os distraia ou afaste desse objetivo.

 

INTERPELAÇÕES

  • Neste texto da Carta aos Filipenses – como em tantos outros textos paulinos – está em evidência uma realidade que nos ajuda a entender as apostas de Paulo de Tarso: Cristo ocupa um lugar central na vida do apóstolo. Quando Paulo encontrou Cristo, na estrada de Damasco, tudo o que até então tinha desempenhado um lugar importante na sua vida ficou para trás. Cristo tomou conta da vida de Paulo de forma irreversível. Paulo, a partir desse encontro fundamental, passou a considerar todas as coisas um “prejuízo” quando comparadas com Cristo. Nós que, no dia do nosso batismo, nos encontramos com Cristo e que temos, desde então, feito um longo caminho com Cristo, poderemos dizer o mesmo? Que lugar ocupa Cristo na nossa vida? O “conhecimento” de Cristo, a identificação com Cristo, a comunhão com Cristo, o seguimento de Cristo são a nossa prioridade? Cristo sobrepõe-se a todos os outros valores e propostas que a cada instante entram no caminho da nossa vida e viajam connosco?
  • Paulo refere-se a algumas das coisas a que chegou a dar importância, antes de se encontrar com Cristo, como “lixo”, “esterco”. A palavra usada por Paulo sugere o desprezo que ele sente por valores que, além de fúteis, podem mesmo constituir um obstáculo no caminho que Deus nos chama a fazer. O tempo da Quaresma é um tempo oportuno para identificarmos e para, eventualmente, nos livrarmos do “lixo” que vamos acumulando na nossa vida e que dificulta a nossa identificação com Cristo. Quais são os “lixos” que andamos a acumular e que nos impedem de caminhar livremente ao encontro de Cristo? Estamos dispostos, neste tempo quaresmal, a fazer uma limpeza da nossa vida e a prescindir daquilo que nos aprisiona e nos impede de correr para a meta, ao encontro da vida definitiva?
  • Paulo lembra aos cristãos de Filipos – e a nós também – que a vida cristã é uma corrida que não acaba enquanto não chegarmos à meta. Paulo sabia que, em determinados momentos do caminho, somos tentados pela acomodação, pelo conformismo, pela instalação, pela preguiça, pela convicção de que já fizemos tudo o que era necessário fazer. Por isso, Paulo deixa o aviso: enquanto caminhamos nesta terra nada está concluído, há sempre caminho a percorrer. A nossa identificação com Cristo é um desafio constante, uma aposta que temos de renovar em cada passo do caminho. Como é que encaramos a nossa caminhada ao encontro de Cristo? Como uma meta já alcançada, que nos permite, a carta altura, viver de rendimentos, ou como uma corrida nunca terminada, que exige a cada passo a renovação do nosso empenho e do nosso compromisso?

 

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Joel 2,12-13

Refrão 1: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo Senhor.

Refrão 2: Glória a Vós, Jesus Cristo, Sabedoria do Pai.

Refrão 3: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai.

Refrão 4: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo.

Refrão 4: Louvor a Vós, Jesus Cristo, rei da eterna glória.

Refrão 6: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor.

Refrão 7: A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo, Nosso Senhor.

 

Convertei-vos a Mim de todo o coração, diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso.

 

EVANGELHO – João 8,1-11

Naquele tempo,
Jesus foi para o Monte das Oliveiras.
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo,
e todo o povo se aproximou d’Ele.
Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus
uma mulher surpreendida em adultério,
colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres.
Tu que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada
e terem pretexto para O acusar.
Mas Jesus inclinou-Se
e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-l’O,
ergueu-Se e disse-lhes:
«Quem de entre vós estiver sem pecado
atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras,
foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos,
e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe:
«Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu:
«Ninguém, Senhor».
Disse então Jesus:
«Nem Eu te condeno.
Vai e não tornes a pecar».

 

CONTEXTO

O relato da mulher apanhada a cometer adultério não pertencia, inicialmente, ao Evangelho de João. Terá sido um relato introduzido tardiamente no Quarto Evangelho, pois não aparece nos manuscritos anteriores ao ano 300. É ignorado pelos Padres da Igreja até ao séc. IV. Depois disso, a sua canonicidade é defendida por Santo Agostinho, Santo Ambrósio e São Jerónimo que, no entanto, o colocam noutro lugar (depois de Jo 7,36). Aliás, o texto não possui as caraterísticas do estilo joânico (linguagem, género literário) e a sua temática não encaixa nas preocupações teológicas do autor do Quarto Evangelho. Alguns manuscritos antigos colocam-no no Evangelho de Lucas (após Lc 21,38), que seria um lugar mais lógico para enquadrar o relato, dado o interesse de Lucas em sublinhar a misericórdia de Jesus para com os pecadores e proscritos.

Não se sabe quem recolheu este relato nem por que portas ele veio ter ao Evangelho segundo João. Alguns viram no ostracismo a que ele foi votado durante algum tempo a dificuldade da Igreja primitiva em aceitar uma história escandalosa, numa altura em que o adultério era considerado totalmente incompatível com a condição dos batizados, levando inclusive à exclusão da comunidade cristã. Contudo, o facto de o texto, depois de algum tempo, se ter imposto e aparecer num dos evangelhos é considerado a confirmação da sua autenticidade: não foi possível silenciar um episódio que se baseava numa tradição consistente. Seja como for, a Igreja acabou por aceitar este relato como um texto inspirado e por o incluir no tesouro da Palavra de Deus.

A cena que vai ser descrita situa-nos no Templo de Jerusalém. Jesus tinha pernoitado no Monte das Oliveiras; mas, pela manhã, dirigira-se de novo para o Templo, onde costumava ensinar todos aqueles que iam ao seu encontro.

 

MENSAGEM

Jesus está sentado na esplanada do Templo, na atitude clássica dos “mestres” que ensinam os seus discípulos (vers. 2). “Sentado”, como os rabis, Ele vai oferecer a todos os que ali estão uma lição inesquecível sobre a forma como Deus olha para a fragilidade dos seus filhos.

Os escribas e os fariseus apresentam-se diante de Jesus com uma mulher (vers. 3). Contam-lhe que ela foi apanhada a cometer adultério. Lembram a Jesus o que a Lei determina em casos semelhantes, mas perguntam a Jesus a sua opinião sobre a matéria (vers. 4-5). O Lei determinava, efetivamente, que “se um homem cometer adultério com a mulher do seu próximo, o homem adúltero e a mulher adúltera serão punidos com a morte” (Lv 20,10; Dt 17,5-7; 22,22). Os acusadores desta mulher, contudo, não fazem qualquer referência ao homem com quem ela estava a cometer adultério. As mulheres, no tempo de Jesus, eram “o elo mais fraco” na cadeia da organização social palestina. Provavelmente, nem sempre se aplicaria esta lei; mas parece que, no exemplo presente, os “juízes” da mulher pareciam dispostos a aplicá-la. O autor do relato revela-nos, no entanto, que aqueles escribas e fariseus estavam sobretudo interessados em “armarem uma cilada a Jesus e terem pretexto para O acusar” (vers. 6a). Efetivamente, se Jesus optasse pela clemência, contra o que a Lei estipulava, seria acusado de fazer da Lei letra morta e perderia o direito de se apresentar com qualquer pretensão messiânica; mas se Ele aprovasse a lapidação da mulher estaria a contradizer tudo o que costumava ensinar sobre perdão, misericórdia e compaixão. A questão era decisiva: não se tratava de uma questão meramente académica, mas de uma decisão que implicava a vida ou a morte de uma pessoa. A mulher acusada está de pé de no meio dos presentes, na posição habitual que o acusado ocupa quando é apresentado ao tribunal. Os acusadores não se dirigem à mulher, uma vez que a sua culpabilidade está definida desde o primeiro momento; eles dirigem-se apenas a Jesus, pois o que lhes interessa é comprometer Jesus. Colocada a questão, todos os que assistem à cena estão pendentes da reação de Jesus.

Jesus não responde logo. “Inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão” (vers. 6b). Têm sido dadas as mais diversas explicações para o gesto de Jesus. Há quem ache que Jesus estaria a escrever a sentença que ia proferir antes de a proclamar; há também quem ligue o gesto de Jesus a um texto do profeta Jeremias que fala dos que se afastam de Deus, “que serão escritos no pó” (Jr 17,13), isto é, na terra dos mortos. Mas o mais provável é que se trate de uma pausa destinada a ganhar tempo. Esse “tempo” talvez tenha servido a Jesus para acalmar a sua irritação perante o descaramento daqueles vigilantes da moral e dos bons costumes; mas também serviria para que os escribas e fariseus se confrontassem com a gravidade do que estavam a exigir, em nome de Deus: com o seu silêncio, Jesus estava a convidá-los, sem palavras, a passar do domínio da Lei para o domínio da misericórdia.

Contudo, os que acusavam a mulher não quiseram ou não souberam aproveitar a oportunidade que lhes foi dada para chegarem, por eles próprios, à compaixão. Continuaram a interrogar Jesus, exigindo uma resposta. Foi nessa altura que Jesus tomou a palavra para dizer: “quem de entre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra” (vers. 7). O “dito” de Jesus convidava aquela gente a tomar consciência de que o pecado é uma consequência dos nossos limites muito humanos e que ninguém está isento dessa condição. Poderá alguém que tem consciência dos seus limites e falhas ter a ousadia de acusar outros e de exigir que lhes seja dada a morte como castigo? Jesus, depois de atirar aos acusadores da mulher esta “provocação” que lhes desmascarava a hipocrisia, continuou a escrever no chão, dando-lhes tempo para interiorizar o que tinha sido dito e para tirar as conclusões que se impunham (vers. 8). O texto acrescenta que, depois de terem ouvido as palavras de Jesus, os escribas e fariseus “foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos” (vers. 9a). A indicação pode querer dizer que os mais velhos têm uma mais longa experiência da fragilidade humana.

Nessa altura Jesus ergueu-se e olhou para a mulher. A controvérsia com os escribas e fariseus tinha terminado; mas a mulher ainda estava ali, à espera de uma palavra de Jesus. E Jesus, depois de ter constatado que não havia ali ninguém para emitir uma decisão de condenação, disse simplesmente à mulher: “nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar” (vers. 11). Jesus não veio para condenar ninguém. Ele veio mostrar-nos o rosto e o coração de um Deus que ama incondicionalmente os seus filhos e que não os condena pelas suas fragilidades. Mas a intervenção de Jesus não se fica pelo “não condenar”; ao mesmo tempo, Jesus “liberta” a mulher, apontando-lhe um caminho novo. Convida-a a fazer escolhas que a tornem livre e que não a aprisionem numa vida sem saída.

A dinâmica de Deus é uma dinâmica de misericórdia, pois só o amor transforma e permite a superação dos limites humanos. É essa a realidade do Reino de Deus.

 

INTERPELAÇÕES

  • O episódio da mulher apanhada em adultério, trazida até Jesus pelos escribas e doutores da Lei, oferece-nos um muito belo retrato de Deus e da forma como Deus encara a fragilidade dos seus filhos e filhas. Garante-nos que o Deus que Jesus nos veio revelar funciona numa lógica de misericórdia e não numa lógica de estrita retribuição; diz-nos que a força de Deus não está na condenação e no castigo, mas sim no amor e no perdão; assegura que o nosso Deus não quer a morte daquele que errou, mas sim a libertação plena de cada um dos seus filhos; confirma que o coração de Deus é um coração de pai ou de mãe, sempre cheio de amor pelos seus queridos filhos. Sempre que lhe apresentamos as nossas misérias e as nossas decisões estúpidas, Ele diz-nos: “Eu não te condeno”; sempre que caímos uma e outra e outra vez nos mesmos erros, Ele diz-nos: “Eu não te condeno”; sempre que nos apresentamos diante d’Ele dececionados com a forma como conduzimos a nossa vida, Ele consola-nos e garante-nos: “Eu não te condeno”; sempre que nos sentimos malvistos, incompreendidos, marginalizados, Ele diz-nos: “Eu não te condeno”. Neste tempo quaresmal, quando somos convidados a olhar para as nossas fragilidades mil vezes repetidas, é consolador ouvirmos de Deus este “Eu não te condeno”; dá-nos vontade de superarmos as nossas limitações e de abraçarmos, com decisão, um caminho novo, uma vida nova. O que achamos de tudo isto? Sentimos que as nossas fragilidades e limitações não são decisivas face ao amor imenso que Deus nos dedica? Isso é para nós fonte de consolação, de alegria e de esperança?
  • Aqueles escribas e fariseus que trazem a Jesus a mulher apanhada em adultério são os polícias da moral e dos bons costumes, sempre dispostos a anotar e a condenar os erros e as falhas dos outros. Os seus corações são comandados pelo legalismo e não pela misericórdia. Habita-os a hipocrisia: conseguem descobrir tudo o que se passa de errado na vida dos outros, mas não se detêm um instante a olhar para os seus próprios telhados de vidro. São “figuras” que encontramos a cada passo no nosso mundo e até mesmo nas nossas comunidades cristãs. Condenam os “diferentes” em julgamentos sumários, carregam os outros com pesos insuportáveis de culpas reais ou imaginárias, tratam com arrogância os mais humildes e frágeis, colocam rótulos desprovidos de caridade nas pessoas que os rodeiam, oferecem ao mundo a imagem de um Deus intransigente e mau, fazem com que muitos homens e mulheres de boa vontade não tenham qualquer vontade de conhecer Deus e as suas propostas. Conhecemos gente assim? Teremos porventura nós também alguns destes “tiques”? Necessitaremos de mudar alguma coisa, na nossa forma de ver os nossos irmãos e as suas fragilidades, para não nos identificarmos com esses “escribas e fariseus”?
  • Jesus não se limitou a dizer à mulher que não a condenava, mas, com respeito e delicadeza, colocou-a na rota de uma vida nova: “vai e não tornes a pecar”. Depois de a libertar do peso da culpa, convidou-a libertar-se das opções que escravizam e conduzem a situações sem saída. A “estratégia” de Jesus corresponde ao projeto de Deus para os seres humanos. Deus não se limita a não condenar ou a perdoar, mas quer que os seus filhos caminhem em direção à vida nova, a uma vida com sentido, livre e plenamente realizada. É precisamente esse o caminho que somos chamados a percorrer durante o tempo quaresmal. De que é que precisamos de nos libertar para chegarmos a uma vida renovada, a um caminho de liberdade e de plena realização?
  • O perdão é um dos sinais do Reino de Deus. Jesus pediu repetidamente aos seus discípulos que vivessem as suas vidas ao ritmo do perdão. O que é perdoar? É esquecer ingenuamente as injustiças passadas? Não. Perdoar é recordar o mal que nos fizeram e, apesar disso, adotar uma atitude não discriminatória nem vingativa contra aquele que fez o mal; é ter presente o que nos feriu e, apesar disso, inverter a lógica de violência e de agressividade para começar uma história nova, criadora de um futuro diferente com a pessoa que nos magoou. Quem perdoa, evidentemente, corre riscos; mas, ao perdoar, estamos a evitar o maior de todos os riscos: o de nos fecharmos a qualquer futuro e de deixarmos que o ódio envenene as nossas vidas. Como lidamos com a exigência do perdão? Estamos de acordo que o perdão nos abre as portas de uma vida mais produtiva, mais humana e mais feliz?
  • A magnanimidade de Deus para com as pessoas que falham não será uma atitude pouco pedagógica? Não favorecerá a banalização do pecado? Para Deus será tudo igual, no que concerne às escolhas dos seus filhos, uma vez que o seu amor é incondicional? É necessário que entendamos isto: as nossas escolhas erradas atingem-nos a nós próprios, limitam os nossos próprios horizontes, fazem-nos falhar o sentido da nossa existência, impedem-nos de ser livres. Deus não fica feliz se nos vir escolher caminhos de egoísmo e de autossuficiência, pois sabe que isso nos levará até à frustração e ao fracasso. Mas o pecado não magoa Deus; magoa-nos a nós próprios. Temos consciência disso?
  • Na história da mulher apanhada em adultério, a acusação dos escribas e fariseus recai apenas na mulher; ninguém pergunta a Jesus se o homem que com ela estava deve ser morto, segundo a Lei de Moisés. O quadro põe a nu a hipocrisia de uma sociedade que castigava a mulher, mas não usava a mesma medida para com as falhas do homem. Trata-se de uma sociedade que discrimina a mulher face ao homem. Jesus, ao defender a mulher acossada por aquele grupo de homens, introduz verdade e justiça naquele quadro desequilibrado e injusto. Embora hoje o ordenamento jurídico e a legislação penal já tenham em conta a igualdade fundamental entre o homem e a mulher, ainda subsistem, na nossa vida de todos os dias, práticas e hábitos discriminatórios que atentam contra a dignidade das mulheres, que humilham as mulheres e as fazem sofrer. Não deveríamos estar mais atentos a isto, inclusive nas comunidades cristãs? Não deveríamos, como Jesus, estar mais perto de todas as mulheres injustiçadas, oprimidas, discriminadas, ofendidas na sua dignidade, tratadas como objetos, para lhes proporcionarmos defesa inteligente e proteção eficaz?

 

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 5.º DOMINGO DA QUARESMA

(adaptadas, em parte, de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.

Ao longo dos dias da semana anterior ao 5.º Domingo da Quaresma, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. O APELO A PORMO-NOS DE PÉ.

Depois do apelo à paciência (3.º domingo) e o apelo à misericórdia (4.º domingo), eis, neste 5.º domingo da Quaresma, o apelo a pormo-nos de pé e a viver de maneira diferente: “vai e não tornes a pecar”. O momento penitencial pode realçar este dinamismo de conversão.

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.

Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

 

No final da primeira leitura:

Pai do teu Povo, nós Te damos graças pela tua obra criadora, renovada sem cessar, e pelos germes do mundo novo que o mistério da Páscoa nos revela.

Nós Te pedimos pelos candidatos ao batismo, adultos, jovens e crianças, e pelas comunidades, os padrinhos/madrinhas e os pais que os preparam.

 

No final da segunda leitura:

Cristo Jesus, Tu que Te deste a conhecer ao apóstolo Paulo e o agarraste a ponto de ele Te preferir a todas as riquezas da terra e Te reconheceu como a única vantagem válida, nós Te bendizemos.

Nós Te pedimos pelos doentes e pelas vítimas de todas as espécies de sofrimentos. Que a revelação da tua Paixão os mantenha na esperança da ressurreição e da vida do mundo que há de vir.

 

No final do Evangelho:

Pai, bendito sejas pela mensagem de perdão, a palavra de reconciliação e o apelo à esperança que nos fizeste ouvir enviando-nos o teu Filho.

Nós Te pedimos por todas as nossas comunidades que celebram a reconciliação nestes dias. Que o teu perdão nos renove e nos reconcilie entre nós.

4. BILHETE DE EVANGELHO.

Jesus é posto face à Lei e, ao mesmo tempo, face a uma mulher. A Lei é clara: esta mulher, apanhada em flagrante delito de adultério, deve ser delapidada. Jesus não rejeita a Lei, pede somente aos escribas e fariseus para a colocar em prática, com a condição de começarem a ter um olhar sobre a própria vida antes de olhar a mulher e de a condenar. Os detratores acabam por se condenar a si mesmos e retiram-se, reconhecendo-se pecadores, a começar pelos mais velhos… Quanto a Jesus, que não tem pecado, podia lançar a pedra. Não o faz. Ele veio para salvar, não para condenar. Pedindo à mulher para não voltar a pecar, dá-lhe nova oportunidade. Para Jesus, ela não é apenas uma mulher adúltera, ela é capaz de outra coisa. Oferecendo-lhe a sua graça, agraciou também os escribas e os fariseus, colocando-os num caminho de conversão, eles que tinham aberto os olhos não somente sobre a mulher, mas sobre si próprios.

5. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.

Sugere-se a Oração Eucarística I das Missas da Reconciliação.

6. PALAVRA PARA O CAMINHO…

A mulher adúltera… “Esta mulher foi apanhada em flagrante delito de adultério…” “Aquela martirizou o seu filho…” “Aquela deixou-o morrer de fome…” “Aquela outra…” …e as nossas mãos já estão cheias de pedras para a lapidar. Esta semana, a convite de Jesus, comecemos por olhar onde se situa o nosso pecado… De seguida, em relação a todas estas mulheres de hoje condenadas sem apelo, abramos o nosso coração à compreensão… à misericórdia… e talvez ao apoio na sua angústia.

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA

Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
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